Ele terá que devolver a importância de R$ 750 mil aos cofres públicos do município
Advogado diz que Rodrigues, que ganha R$ 550 por mês, seria "laranja" de fraude em Barra de São Francisco. O vigia José Rodrigues da Costa, 51 anos, jamais poderia imaginar que um dia seria intimado pelo Ministério Público a devolver a importância de R$ 750 mil aos cofres públicos do município onde reside, em Barra de São Francisco. De acordo com o processo, ele teria vencido uma licitação fraudulenta relacionada ao serviço de transporte escolar de alunos da rede municipal.
Na verdade, o único veículo que José Rodrigues possui é uma bicicleta de terceira mão. Semianalfabeto e recebendo o salário de R$ 550,00, ele reside em uma casa humilde do bairro Morro do Eucalipto, uma realidade bem distante do mundo processual em que se viu envolvido por força de uma Ação Civil Pública.
O advogado do vigia, Elvécio Andrade, explicou que Rodrigues faz parte de uma relação que inclui mais 96 pessoas, entre funcionários públicos e empresários da região, suspeitos de envolvimento em um esquema de corrupção na Prefeitura de Barra de São Francisco. Os crimes teriam ocorrido entre 2004 e 2005 durante a administração do prefeito Edson Henrique Pereira, que ontem não foi encontrado para comentar o assunto. Ele foi afastado do cargo em 2006.
O atual prefeito, Francisco Waldeles Cavalcante (PSC), afirmou que não tem informações atualizadas sobre o andamento do processo. Destacou, entretanto, que a Procuradoria da prefeitura foi convocada a fornecer informações relacionadas com as investigações e que documentos referentes ao período não foram encontrados.
"O que sabemos é, segundo a denúncia, alguns serviços foram contratados mas não chegaram a ser realizados, apesar de terem sido pagos", comentou, acrescentando que os servidores notificados são integrantes do quadro de funcionários efetivos destacados no setor de licitação.
O advogado disse que irá aguardar o desfecho do processo e entrar na Justiça com uma ação indenizatória em favor do vigia que, segundo ele, teria sido usado como "laranja" no esquema apontado pelo MP. Rodrigues e os outros 96 envolvidos no processo terão que ser ouvidos dentro de uma Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa e responsabilidade civil para o ressarcimento do erário.
O promotor de Justiça do município não foi localizado ontem para comentar o caso, pois atendia em outra comarca.
Imagem: Reprodução
Colunista: Ivan de Freitas
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