O balanço anual da ONG Transparência Capixaba, publicado no site da entidade, mostra um quadro desanimador do Estado em 2010. Os elogios do artigo foram para a mobilização institucional nas eleições deste ano, das quais participou ativamente, mas a análise da atuação dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário não foi nada animadora.


O artigo começa pelo final, ou seja, com o último desgaste político do ano: o aumento aprovado pelos congressistas, que criou um efeito cascata em todo o País, incluindo o reajuste aprovado pelos deputados estaduais, na última semana antes do recesso parlamentar e que terá efeito nas câmaras municipais também.


No Judiciário, o artigo destaca a falta de avanços moralizadores depois dos escândalos no Tribunal de Justiça, o que, para a entidade, favorece o desgaste do Poder junto à sociedade. “Aqui no Espírito Santo, apesar de mais de dois anos de ocorrência da Operação Naufrágio, as medidas tomadas ainda são tímidas e carentes da profundidade necessária para se resgatar a credibilidade do Poder”, diz o texto.


Também não faltam duras críticas ao desempenho do governo do Estado, não só no ano de 2010, mas nos oito anos do governo Paulo Hartung. Para a entidade, o privilegio do crescimento econômico, em detrimento de ações de melhoria das condições de vida da população, prevaleceu. Assim como a falta de transparência nos atos do governo e a falta de integração com os governos municipais, sobretudo da Região Metropolitana.


A ONG destaca o caos urbano causado pela falta de políticas de melhoria da mobilidade urbana, da ausência de um plano de segurança pública e do excesso de propaganda de obras que muitas vezes não são percebidas pela população. “Não temos, como nunca tivemos nesses oito anos de governo, uma política de segurança pública. A situação na saúde, na educação e no meio ambiente carece de maior controle, avaliação de resultados e melhora das condições de vida da sociedade”, argumenta.


As denúncias de corrupção que marcaram o final do ano também são lembradas pela entidade. “São muitos os casos de corrupção, ou suspeita dela, de malversação de recursos, de desperdício dos públicos recursos em nosso estado. Aqui poderíamos citar, sem nenhuma pretensão de esgotar a lista, a recente operação "Em nome do filho", da Polícia Federal, relacionada ao caixa 2 durante a campanha eleitoral no estado; a denúncia de corrupção no alto escalão da Polícia Militar feita por uma Promotora de Justiça; os prefeitos cassados no interior (Rio Novo do Sul, além da instabilidade em Jaguaré e Apiacá); os eternos embargos a obras públicas, como o recente caso do Kleber Andrade e o famigerado aeroporto, além de suspeita de irregularidades nas obras do Fórum de Vila Velha”, destaca o artigo.


A Transparência Capixaba termina o balanço mandando um recado para o governador eleito Renato Casagrande, iniciará sua gestão em janeiro próximo, buscando o combate à corrupção. A entidade quer mais transparência nos atos do governo e mais diálogo com a sociedade organizada.


Confira o artigo da Transparência Capixaba 2010: um ano de esperanças, aprendizado, vitória e decepções


Imagem: Reprodução
Colunista: Ivan de Freitas

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