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Quem é o eleitor indeciso? - (Alegre, ES)

Alegre

Quem é o eleitor indeciso? - Alegre

Alegre Quem é o eleitor indeciso?


Com a previsão de uma disputa acirrada na reta final da campanha presidencial, eleitores indecisos podem ser decisivos


Na eleição presidencial mais acirrada desde 1989, um grupo pode definir quem será o novo inquilino do Palácio da Alvorada: os indecisos. De acordo com a última pesquisa Datafolha , eles são 6% dos eleitores, número comparável à vantagem da petista sobre o tucano, de dez pontos percentuais (votos totais). Mas a pesquisa mostra que 10% do total de eleitores admitem mudar de voto. Somados, os dois grupos - indecisos e eleitores que podem trocar o candidato de preferência, superam a diferença entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).


Mas o que pensam os indecisos? O que levarão em conta na definição do voto? Indecisos ouvidos pelo GLOBO em seis capitais brasileiras parecem convergir em apenas um ponto: deixar a decisão para a última hora, alguns para o momento em que chegarem à frente da urna.


Há os que decidem pelo modismo de última hora, não gostam de perder. Nesse grupo, são importantes as pesquisas, o clima da campanha


Há os que decidem pelo modismo de última hora, não gostam de perder. Nesse grupo, são importantes as pesquisas, o clima da campanha, diz Eurico Figueiredo, coordenador do programa de pós-graduação de Ciência Política da UFF.


Fora esse ponto, há de tudo: desiludidos, progressistas, conservadores, religiosos e críticos, das mais diferentes classes sociais, etárias, regionais e de instrução. O segundo turno foi marcado pela forte discussão religiosa. Há indecisos que analisam essas questões. Esse é o caso de Gerson Leandro, técnico administrativo de 30 anos, morador do Alto da Boa Vista.


Sou evangélico e não vou votar no Serra, que defendeu casamento gay. Não ia votar na Dilma por causa do aborto, mas ela assinou carta com as igrejas. Não sei o que fazer - disse Gerson, que, no primeiro turno, votou em Zé Maria (PSTU), "que representava os trabalhadores".


Mulheres, tradição de indecisão
Na outra ponta, há eleitores que ainda não se decidiram alegando falta de propostas concretas dos candidatos. Mônica Marques, desenhista industrial de 43 anos e moradora da Tijuca, se ressente de um debate econômico mais aprofundado:


O PSDB trouxe avanços monetários, mantidos com Lula, mas não sinto muita firmeza com Dilma. Sinto que ela é um pouco inábil. Por outro lado, não confio no Serra. Se o candidato do PSDB fosse outro...


Se, no primeiro turno, a promessa de Serra de elevar o salário mínimo para R$ 600 atraiu votos, agora parece preocupar alguns. Na favela Dona Marta, em Botafogo, Zona Sul do Rio, Elana Paulino, ascensorista do plano inclinado da comunidade, desistiu do tucano por isso:


Se o salário subir de uma vez, é lógico que os preços vão acompanhar
Se o salário subir de uma vez, é lógico que os preços vão acompanhar. É melhor ir subindo aos poucos - diz a jovem de 28 anos que não vota em Dilma porque acredita que ela se contradiz muito. No primeiro turno, foi de Marina Silva (PV).


Como mulher, ela faz parte de um grupo tradicionalmente indeciso. No Datafolha do dia 22 de outubro, 9% das mulheres não tinham escolhido candidato, contra 4% dos homens. O levantamento também aponta diferenças regionais - a indecisão atingia 8% dos eleitores do Sudeste, contra apenas 4% dos eleitores do Nordeste. No Sul, os indecisos somam 7%. Entre eles, está a auxiliar financeira Virginia Maia Pinto, de 27 anos, de Porto Alegre, que anulou o voto no primeiro turno:


O Serra teve experiência e não deu certo. Dilma não tem experiência.


O eletrotécnico Silvio Luiz dos Santos, de 60 anos, votou em Dilma. Agora, não sabe:
Depois dessa história toda de corrupção, perde credibilidade. Vou acabar escolhendo um, não tenho escolha. Um vai governar. Votar em branco é quase antiético, antidemocrático. Vou escolher na hora.


O Datafolha apontava indefinição maior entre os que têm apenas o ensino fundamental (8%), contra 5% dos que têm o ensino médio ou superior. Entre eleitores com renda de até dois salários mínimos, 8% estão em dúvida, contra apenas 4% entre os dois grupos de renda mais alta, os que recebem entre cinco e dez salários mínimos e os que ganham acima de 10 mínimos por mês. Para David Flescher, cientista político da UNB, muitos eleitores se queixam da falta de carisma dos candidatos. Ele soma entre os indecisos a parcela dos que votam em branco e nulo.


Esse eleitor normalmente vai decidir em cima da hora, ouvindo opiniões em casa, no trabalho, na igreja. Poderá mudar de opinião novamente se encontrar um cabo eleitoral. Por isso o reforço na campanha nos últimos dias é importante.


Eleitores que votaram em Dilma e Serra no dia 3 de outubro agora já têm dúvidas. O motivo? A campanha cheia de ataques dos dois.


Estou entre votar no Serra novamente e anular meu voto. Na Dilma, nem pensar. Votei no Serra no primeiro turno, mas ele está fazendo muitos ataques. Não estou convencido de votar novamente nele - contou Cefas

Augusto Dourado, aposentado de 88 anos que vive em Botafogo.
Votei na Dilma, agora não tenho certeza. Talvez anule, tem muita baixaria - diz Lúcia Mascarenhas Freire, estudante de medicina no Rio.


Há um tabu no marketing político brasileiro de que os eleitores não gostam de ataques. Acredito que ocorre nos casos de ataques pessoais. Quando o debate é sobre propostas, creio que não ocorre - afirma Marcelo Simas, cientista político do CPDOC da FGV.


Já fui Dilma, já fui Serra, já fui Dilma de novo, votei em Serra e agora não sei mais em quem votar
Em Recife, alguns indecisos apostam nos debates para escolher.


Já fui Dilma, já fui Serra, já fui Dilma de novo, votei em Serra e agora não sei mais em quem votar. Não gosto de ficar vendo um candidato jogando coisas contra o outro. Acredito em Dilma, mas por trás dela tem aquele povo que faz política suja. Do lado de Serra, a mesma coisa. Não sei o que fazer para decidir. Se fosse Lula, votaria nele de novo - conta Ana Paula Justino, 31anos, doceira.


Lula é sempre lembrado:
Sou eleitor de Lula. Mas entre ser eleitor dele e votar na pessoa que ele indica há distância. Acredito que Dilma siga projetos de Lula, mas minha dúvida é se ela consegue. Recebo clientes no meu negócio, e chegou muito tucano aqui criticando o Bolsa Família. Mas Serra diz que vai dar décimo terceiro para os beneficiários. Dá para entender? Não dá - afirma Ednaldo da Silva, 62 anos, agricultor e produtor de flores tropicais.
O taxista Adriano Roberto Bezerra da Silva, de 29 anos, se diz confuso com os boatos:


Inventaram boatos sobre Dilma e não sei o que é mentira nem verdade. Ela vai aprovar o casamento gay? Sou contra. Estou confuso com a questão religiosa. Penso às vezes em votar em Serra, mas temo que ele não dê continuidade ao trabalho iniciado por Lula - diz o taxista Adriano Roberto Bezerra da Silva, de 29 anos.


Para a cuidadora de idosos Lucimar Pereira de Assis, de 27 anos, se engana quem lê a mensagem "tive um encontro com Deus" em sua camisa e pensa que o discurso religioso dos candidatos à Presidência será decisivo para ela na hora de definir o voto.


Voto é voto, religião é religião. Estou mais preocupada com as propostas do que com a crença dos candidatos. São coisas completamente diferentes - diz ela, que, a uma semana das eleições, ainda não sabe em quem votar.
Para o motorista particular José Caetano, de 49 anos, se o cenário permanecer como está, a única solução é o voto nulo.
É tanta baixaria, tanta irrelevância, que não me sinto à vontade para participar do processo - protesta.


Imagem: Reprodução
Colunista: Ivan de Freitas


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