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A mulher na política ainda é uma minoria! - (Muqui, ES)

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A mulher na política ainda é uma minoria! - Muqui

Muqui A mulher na política ainda é uma minoria!

A deputada estadual Luzia Toledo (PMDB), vice-presidente da Assembléia é uma feminista atuante, já assumiu a Casa como presidente durante as eleições de 2008, foi à primeira vez que uma mulher presidiu, de fato, a Casa.

Hoje as mulheres são maioria do eleitorado no Brasil, representando 51,%. No Espírito Santo, dos 2,5 milhões de eleitores, 1,2 milhão é formado por mulheres. Mas, quando o assunto é candidatura a cargo eletivo, a situação é bem diferente. Estamos no topo de uma lista indigesta. O Estado é o que tem menos mulheres na disputa eleitoral deste ano.

No ano em que a luta das mulheres por igualdade completou cem anos, elas representam apenas 22,2% dos candidatos a cargos eletivos no País. No Espírito Santo, o cenário é ainda pior. Embora a Constituição garanta 30% das vagas dos partidos para elas, apenas 12,9% dos candidatos nesta eleição são mulheres.

A história das mulheres na política capixaba começa com uma paulista, Dona Colatina, que veio para o Espírito Santo após o casamento, em 1882, com José de Melo Carvalho Muniz Freire, presidente do Estado por duas vezes, de 1892 a 1896 e de 1900 a 1904. Tiveram dez filhos: Izilda, José de Mello Carvalho Muniz Freire Filho, Alarico, Átila, Genserico, Olga, Dora, Ragadázio, Manoel e Ilma.

Sua atuação política foi reconhecida em 1899, pelo desembargador Afonso Claudio, que homenageou a mulher de Muniz Freire dando à vila de Colatina seu nome. No século seguinte, mais precisamente em 1929, a viúva Emiliana Emery Viana, natural de Guaçui (sul do Estado), entusiasmada com a Revolução de 30, entrou para a história do Brasil ao se tornar a primeira mulher a conquistar o direito ao voto.

De padeira – profissão que adotou para alimentar os sete filhos, após a morte acidental do marido – à liderança política respeitada no Estado foram muitas lutas e muita superação de obstáculos e preconceitos. Apesar dos convites, nunca ocupou cargos públicos. Apenas em seus últimos anos aceitou o título de presidente de Honra da União Democrática Nacional (UDN) do Espírito Santo, concedido em homenagem à importância do sufrágio feminino, que ela simbolizava como a primeira mulher a ter o direito ao sufrágio político nacional.

Depois de sua morte, em 1957, a Assembléia outorgou-lhe a Medalha da “Ordem do Mérito Maria Ortiz”.

Tempos modernos

Apesar de um início memorável, foram necessárias mais duas décadas para que uma mulher chegasse a um cargo público relevante no Estado. Foi em 29 de março de 1947 que a educadora e escritora Judith Leão Castello Ribeiro (foto) se elegeu deputada estadual no Espírito Santo.

Judith Leão nasceu na Serra, em 31 de agosto de 1898. Filiada ao Partido Social Democrático (PSD), elegeu-se para o primeiro mandato com 1.170 votos (4,5% do eleitorado da época). Depois disso cumpriu mais três mandatos, defendendo a educação.


A deputada assumiu o mandato na Assembléia Constituinte, que também elegeu o presidente Eurico Gaspar Dutra, bem como o governador do Estado Dr. Carlos Fernando Monteiro Lindenberg. Judith exercia no partido o cargo de Primeira-Secretária. Depois de quatro legislaturas bem sucedidas, candidatou-se novamente em 1962, mas não conseguiu reeleger-se, ficando como suplente, tendo assumido diversas vezes. Como parlamentar, continuou sua luta em benefício do magistério, o que a levou à presidência da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa, além de apresentar vários projetos ligados à Educação.


Em 1949, fundou e tornou-se a primeira presidente da Academia Feminina de Letras do Estado do Espírito Santo. Ainda em 1949, ingressou na Associação Espírito-Santense de Imprensa (AEI). Também foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Espírito Santo .

De lá para cá muitas mulheres passaram pelo parlamento capixaba, algumas ocupando a cadeira de vice-presidente, como Mariazinha Vellozo Lucas (PSDB), ou secretaria da Mesa, como Aparecida Denadai (PDT). Até hoje, porém, nenhuma parlamentar foi eleita pelos colegas para presidir a Casa.

A deputada estadual Luzia Toledo (PMDB), vice-presidente da Assembléia na primeira parte da atual legislatura, assumiu a Casa como presidente de fato, durante as eleições de 2008, quando o então presidente, Guerino Zanon (PMDB), renunciou por conta da eleição para a prefeitura de Linhares. Foi a primeira vez que uma mulher presidiu, de fato. a Casa.

Antes disso, Luzia Toledo conseguiu destaque nacional como a primeira senadora do País pelo PSDB. A atual deputada, na época, era suplente de José Ignácio Ferreira, que renunciou ao mandato para assumir o governo do Estado, em 1999. Luzia assumiu a suplência tornando-se também a primeira e única senadora capixaba. Caso o senador Renato Casagrande (PSB) se eleja governador em outubro próximo, o feito será repetido com a posse da primeira suplente, Ana Rita Esgario (PT), para os quatro anos restantes do mandato. Ainda assim, o Espírito Santo ainda aguarda o momento de ter uma senadora eleita pelo voto do eleitor e não entrando em suplência.

Luzia também foi a primeira prefeita de Vitória. No primeiro mandato de Luiz Paulo Vellozo Lucas na Capital, Luzia, que era vice do tucano, assumiu várias vezes o comando da prefeitura. Natural de Mimoso do Sul, Luzia Toledo é bacharel em Direito e exerce o seu segundo mandato, para o qual foi reeleita com 21.598 votos.

Nascida no distrito de Conceição do Muqui, em Mimoso do Sul, vem de uma família de pouquíssimas posses, que vivia na área rural. Seu pai faleceu ainda bem jovem, deixando a mãe viúva aos 25 anos e com três filhos. Foi em Mimoso do Sul, aos seis anos de idade, que sua vida começou a mudar. Lá ela conheceu Rubens e Helena Rangel, que eram patrões de sua mãe e que a criaram como uma filha.

Projeção Nacional

Na Câmara dos Deputados, a educadora Myrthes Bevilacqua abriu o caminho para as capixabas no Congresso Nacional, eleita para o mandato de deputada federal em 1983, pelo PMDB. Aos 71 anos, ela foi escolhida como a segunda suplente de Rita Camata (PSDB), candidata ao Senado, que chegou à Assembleia em 1986, quando Myrthes concluía sua passagem por aquela Casa. O lenço na cabeça era seu principal símbolo.

Entre suas atividades parlamentares se destaca a ocupação da vice Presidência da Comissão de Serviço Público da Câmara Federal e da Comissão de Trabalho e Legislação Social da Câmara Federal, quando propôs e realizou o 1º Seminário Nacional de Trabalho da Mulher.

Foi ainda membro do Diretório Nacional do PMDB e do Conselho de Ética do partido. Por duas vezes foi coordenadora da bancada federal e assinou a autoria, por duas vezes, de Projeto de Resolução criando a Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados (ambos rejeitados pela Mesa Diretora). Mirtes foi ainda membro da comissão que criou o Conselho Nacional da Mulher.

Além de fundadora do PPS e militante do antigo PCB (Partido Comunista Brasileiro), no período da ditadura militar, tem ainda uma longa história associada à educação. É advogada, professora aposentada e já ocupou cargos públicos no Estado, o último deles a Secretaria de Ação Social do município de Vila Velha.

Sua ligação com o movimento sindical também é amplo. Atuou como presidente da União dos Professores do Espírito Santo de 1973 a 1981. Foi também vice-residente da Confederação de Professores do Brasil, na região Sudeste, em 1980. Também atuou como secretária geral da Federação Latino Americana dos Trabalhadores da Educação e da Cultura (Flatec).

Pela primeira vez na majoritária

De acordo com o último levantamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de julho passado, o Espírito Santo apresenta o menor índice no País de participação de mulheres na eleição (12,9%), ficando atrás de estados como Pernambuco (13,6%) e Minas Gerais (14,8%). Isso sem considerar as desistências e impugnações do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) nas últimas semanas.

Mesmo assim, o Estado tem novidades na eleição. Pela primeira haverá candidatas a cargos majoritários na eleição estadual. Concorrendo ao governo do Estado, a ex-deputada Brice Bragato (Psol) garante a presença feminina na disputa à sucessão. Já na disputa ao Senado as mulheres deixam de ser candidatas apenas à suplência e ganham a frente do palanque, com Rita Camata na disputa pelo ninho tucano.

A coincidência entre elas não acabam por aí. Nascidas, ambas, no município de Venda Nova do Imigrante, as candidatas têm uma trajetória política de dar inveja a muitos candidatos experimentados na política. Além disso, as duas candidaturas têm dado o que falar nos bastidores das campanhas.

Brice é a terceira mais velha em uma família de sete irmãos. Formada em Serviço Social e em Direito pela UFES, é servidora efetiva do Incra. Filiada ao PT desde o início dos anos 80, teve seu primeiro mandato eletivo em 1989, como vereadora da Serra.

Na Assembléia cumpriu três mandatos de deputada estadual, sempre com uma atuação crítica. Em 2005, insatisfeita com os escândalos que rondavam a cúpula do partido e atingiam o governo federal, deixou o PT e filiou-se ao Psol, e sem êxito disputou a reeleição para a Assembléia Legislativa, em 2006.

Apresentando-se como única candidata de oposição, critica os demais adversários e o atual governo com frases fortes. Afirma que os outros candidatos são “farinha do mesmo saco” e que o governador Paulo Hartung implantou uma “ditadura política no Espírito Santo”.

Em muitas ocasiões Brice ganhou destaque por sua atuação política junto à população, participando de greves. A foto ao lado ganhou destaque no Estado e se transformou em um símbolo de sua história política. A foto é de 15 de março de 1989, quando Brice era vereadora no município da Serra e participava da greve geral no município.

Rita Camata também é de Venda Nova do Imigrante, e ganhou este nome devido a uma promessa da mãe a Santa Rita. Além da irmã gêmea, Monica, tem outros sete irmãos, que com ela ajudavam o pai na lavoura do café. Formou-se em jornalismo pela Ufes, quando era a primeira dama do Estado, a mais jovem do País. Mas não se contentou em ficar à sombra do marido, Gerson Camata.

Em 1986, elegeu-se para o primeiro mandato na Câmara dos Deputados e conseguiu, mesmo com o pouco espaço em uma Casa tão ampla, emplacar importantes projetos, como a Lei Camata – que serviu de base para a Lei de Responsabilidade Fiscal –, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a licença paternidade, direitos e garantias para mulheres na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), entre outros. Deputada constituinte, apresentou duzentas emendas, das quais 68 foram incluídas no texto final, e chegou ao quinto lugar na lista dos deputados que emplacam projetos.

Além de 2006, Rita conseguiu reeleger-se deputada federal em 1990, 1994 e 1998. Nesse período foi incluída nove vezes na lista dos cem cabeças do Congresso Nacional. O levantamento é divulgado anualmente pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Rita é a única deputada capixaba da lista, que tem, além dela, o senador Renato Casagrande (PSB).

Rita já havia inovado no quesito participação feminina em campanhas eleitorais. Em 2002 foi candidata à vice-presidência do Brasil pela chapa encabeçada pelo então senador José Serra, da coligação PSDB-PMDB. Foi derrotada no segundo turno pela chapa Lula-José Alencar, da coligação PT-PL-PCdoB-PCB-PMN. Depois de 27 anos de militância no PMDB, deixou o partido e passou a integrar o ninho tucano.

Pelo mundo

Na Alemanha, Angela Merkel é a primeira mulher a chefiar o ministério do país, sendo escolhida para ocupar o cargo de chanceler em 2005. Ela é doutora em física e foi ministra do Meio Ambiente. Em 2009, foi considerada pela revista Forbes a mulher mais poderosa do mundo.

No Chile, Michelle Bachelet foi a primeira mulher a presidir um país latino-americano sem ter herdado o poder do marido. Ex-ministra da Saúde e da Defesa e ex-prisioneira política da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990), Michelle Bachelet Jeria é médica pediatra e epidemiologista, tem três filhos jovens e já foi casada duas vezes.

Devido ao engajamento e aos ideais socialistas, Michele foi presa em 1975 pela Direção Nacional de Inteligência (Dina), a polícia política secreta da ditadura chilena. Junto com a mãe, foi torturada na prisão até 1979, quando conseguiu asilo político na Austrália. Com o apoio do presidente Ricardo Lago, foi eleita presidente, mas não conseguiu fazer seu sucessor.

Este ano, caso a candidata do PT apoiada pelo presidente Lula, Dilma Rousseff, confirme sua eleição, uma brasileira se juntará a este estafe de mulheres que vêm quebrando barreiras no mundo da política. Dilma nasceu em uma família de classe média de Minas Gerais, mas, após o endurecimento do regime militar, em 1968, ingressou na luta armada. Integrou movimentos armados como o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares. Foi presa e torturada.

Formada em economia, ocupou vários cargos federais em nível de secretaria até chegar ao Ministério das Minas e Energia e depois à chefia da Casa Civil do governo Lula. A última vez em que uma mulher chegou tão próximo da presidência da República foi com a ascensão da ministra Ellen Gracie (foto) à presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). É que, na ausência do vice-presidente da República, do presidente da Câmara dos Deputados e do presidente do Senado, é o presidente da Suprema Corte quem substitui o chefe do Executivo. Mas não foi necessária a presença da ministra na presidência, já que o vice-presidente, José Alencar, sempre cumpriu a agenda presidencial, mesmo com a saúde precária e quando não pode, os dois chefes legislativos puderam cumprir suas funções.

Imagem: Divulgação
Revisão: Ivan de Freitas – polí[email protected]


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