Os produtores rurais de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, estão se desfazendo da criação de animais por causa da falta de chuva que atinge a região. O município decretou situação de emergência por causa da seca, que afeta diretamente 2.500 propriedades rurais de diversos cultivos.
Em janeiro de 2015, os prejuízos já ultrapassavam os R$ 3 milhões na agropecuária e R$ 12 milhões no café. Com temperatura que variam entre 25 e 34 graus, segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o calor castiga ainda mais.
“Com a falta d’água e a dificuldade de irrigação, diminuiu a produção de hortaliças e de café. Os córregos do município estão quase todos secos, os ribeirões estão com pouca água”, explicou Alex Leandro da Defesa Civil de Cachoeiro e informou que foram abertos poços e 300 caixas secas para ajudar na retenção de água.
Em uma propriedade no interior do município, o produtor tinha 30 animais, com a seca, o dono teve que se desfazer da maioria e atualmente tem 11 animais. Com o capim morto e para que esses não morram de fome, o produtor tem alimentado o gado com cana-de-açúcar.
“Nós estamos passando apertado ultimamente. Porque a gente não consegue produzir sem água . To tentando manter a vaca só na cana, mas o que temos aqui só dá para mais 30 dias. A produção caiu 60% e se continuar assim, nem leite vai ter para tirar mais” lamentou o produtor rural Jacinto Natal.
O produtor rural Antônio Henrique Nascimento disse que há 50 anos trabalhando no campo, nunca viu uma seca como essa. A produção de Antônio caiu de 600 litros, para 250 a 300 litros. Nos lugares mais críticos, caminhões pipas levam água para o gado.
“Só vi uma seca dessa em 90. Mas a de 90 foi só te capim. A gente furava buraco e aparecia água”. Alimentando o gado com o bagaço da cana, Nascimento afirma que “o bagaço é um ditado antigo, é comer para não morrer”.
Segundo o Incaper, a previsão de chuvas fortes para a região é apenas para outubro.