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Adeus a Milson Henriques tem música, poesia e emoção no ES - (Alegre, ES)

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Adeus a Milson Henriques tem música, poesia e emoção no ES - Saudades

Saudades Adeus a Milson Henriques tem música, poesia e emoção no ES

Amigos e fãs de Milson Henriques dedicaram como homenagem final a ele aquilo que o próprio artista incentivou e ensinou a fazer: arte. As cantorias, as poesias e os aplausos deram o tom do enterro do criador de Marly, a personagem dos quadrinhos, e de tantas outras. O artista foi enterrado neste sábado (25) no Cemitério de Santo Antônio, em Vitória.

Milson morreu na madrugada de sábado, no Hospital das Clínicas, onde estava internado desde março. O consagrado cartunista, escritor e ator enfrentava uma batalha contra a leucemia. Fez quimioterapia entre junho de 2015 e janeiro de 2016, mas a doença o jogou numa profunda depressão nos últimos meses de vida.

“O poeta pode até pedir para não haver tristeza, mas não pode impedir de termos saudade. E eu já estou”, discursou o ator e jornalista Alvarito Mendes Filho, autor de poema sobre as facetas do amigo.

Um dos momentos de maior emoção foi quando os amigos cantaram a trilha trazida por Milson da Itália para “O Bello e as Feras”, última peça escrita por ele, e cuja renda foi revertida para o tratamento do artista. O caixão foi carregado ao som de Trem das Onze e outras preciosidades da música brasileira.

Multimídia, Milson esteve preocupado com os rumos da arte mesmo quando a saúde já estava deteriorada. “Uma das preocupações que ele tinha é a de não estarmos formando diretores de comédia”, comenta o amigo e confidente Wilson Nunes.

É consenso no meio artístico que Milson é um dos ícones da cultura do Espírito Santo.

Rede de amigos
Com economias modestas e um Fusca 72 para chamar de seu, Milson Henriques foi acolhido por uma rede de amigos na fase final da vida. Sem plano de saúde, teve despesas com cuidadores e fraldas, por exemplo, custeadas pelas pessoas que cativou.

Até doações de R$ 10 ajudaram a manter as despesas custeadas. A família de Juarez Vieira e Marilza Zanchetta coordenaram essa rede. Amigos do artista há 20 anos, foram eles que acolheram Milson quando ele fez cirurgia de ponte de safena há seis anos.

Legado
Um evento vai reunir as obras do artista. O festival será em 2017, quando ele faria 79 anos, informou Wilson Nunes, amigo de longa data e a quem MilsoN Henriques confiou os direitos autoriais de suas obras.

Serão escolhidas peças produzidas pelo artista desde a década de 1960 para que sejam novamente apresentadas.
Wilson contou que qualquer dinheiro arrecado com a produção intelectual do amigo será revertido para instituições de caridade e para o teatro.

Também ficará sob cuidados do diretor o Fusca 72 que Milson usou até não ter mais condições de dirigir. “Será guardado com muito carinho. E vai ser usado para exposição no ‘Festival Milson Henriques. Vamos escolher espetáculos por décadas”, contou.

Ditadura
Amigo de Milson, o jornalista Rubinho Gomes conta que a estreia do ator nos palcos do estado foi em 1966, com o Teatro de Arena, no antigo Teatro Brasileiro, com a peça “Arena Conta Zumbi”. “Ele foi o cara que mais contribuiu para a cultura no Espírito Santo”, afirma.

Luto oficial
A Prefeitura de Vitória decretou luto oficial de três dias por causa da morte do artista, neste sábado.
O prefeito Luciano Rezende (PPS) compareceu ao velório e contou também ter sido um dos que, quando criança, participaram de atividades teatrais promovidas por Milson.

“Foi uma perda inestimável. A Cultura perde muito, porque foi um artista que marcou gerações, no teatro, na música, na expressão de sentimentos”, disse.

O governador Paulo Hartung (PMDB) enviou uma nota de pesar. Na opinião de Hartung, o talento do “capixaba de coração” o colocou na história do Estado.

“Milson Henriques sempre foi uma pessoa além do seu tempo, inspirou e inspira uma geração de artistas e marcou época com seus traços no desenho e sua presença multimídia na arte capixaba”, disse, na nota.

O ex-governador Renato Casagrande (PSB) e a deputada Luzia Toledo (PMDB) também foram ao velório.

Marly
O ator José Luiz Gobbi, que deu vida no teatro à Marly lamentou a morte do ator. Ele e o escritor eram grandes amigos e trabalham juntos em diversos espetáculos.

“É muito triste, a gente tá vivendo a perda muito grande, o Espírito Santo perde um gênio, a cultura perde um grande trabalhador e as pessoas que estão aí perdem um criador gigante, uma pessoa capaz de atuar nas mais diversas áreas. Milson conseguia trabalhar em todos as áreas, era o artista mais completo que eu já vi aqui no Espírito Santo”, disse Gobbi.

O ator falou sobre a importância do amigo para sua trajetória profissional e pessoal.

“Desde quando a gente começou essa amizade, eu montei muitos espetáculos de Milson. Eu agradeço a ele a minha carreira, não só a Marly”, afirmou.

A presidente do sindicato de artistas do Espírito Santo, Verônica Gomes, falou sobre o legado de Milson para a cultura capixaba.

“Ele foi uma pessoa muito importante, um ser humano muito importante e um artista muito importante para o Espírito Santo. O grande lance do Milson é que ele fez gerações, a pessoa que tem 70 anos assistiu, os filhos e netos também", relatou.

Verônica também destacou a relação do artista com o público. “O que mais me encantava era o carinho que o publico com Milson, e o dele com o público. Ele era uma pessoa muito amorosa e hoje tá uma festa no céu”, lembrou Verônica.

Artista completo
“Dia triste para a cultura e para os amigos. Nos deixou hoje, um dos maiores artistas que o Espírito santo já conheceu. Um artista completo, o primeiro multimídia da nossa história e acima de tudo, um ser humano de alma boa, com o poder de alegrar aqueles de quem se aproximava. Siga em paz, amigo”, disse o chargista Amarildo que fez uma homenagem com uma caricatura do artista.

Milson trabalhou na Rede Gazeta e tirinhas da personagem Marly são publicas diariamente. O fundador da rede, Cariê Lindenberg, disse que que Milson era um artista com muitas virtudes.

“Ele tinha ideias, ele era ator, era compositor, ele tinha muitas virtudes que nós todos gostaríamos de ter. Costumava dizer que eu fui a pessoa que em primeiro lugar acreditei nele aqui no Espírito Santo”, disse.

Ícone
O Secretário de Estadual da Cultura do Espírito Santo, João Gualberto, também falou sobre Milson.

"A cultura capixaba teve a chance de ter em Milson Henriques um ícone. Um farol nos tempos da escuridão da ditadura. Um educador que fez brotar talentos em nossas crianças. Autor de dezenas peças de teatro, livros e tiras diárias para jornais transitou com humor e brilhantismo em tudo o que fez e em inúmeras linguagens artísticas".

Em Movimento
O Programa Em Movimento produziu uma reportagem sobre Milson Henriques no início de junho e que estava programada para ser exibida neste sábado (25), dia em que o artista faleceu.

Ax-apresentadora Lu Gama fez uma matéria sobre teatro infantil e uma das peças exibidas é O Bello e as Feras, escrita por Milson.

“Todos sabemos que ele é uma peça fundamental e importantíssima no teatro capixaba. Ele fez crescer, ele faz parte dessa cultura do teatro capixaba, ele escreve, ele desenha, ele era, ele é, era não, é o nosso símbolo, ele é a nossa referência mor no teatro capixaba, então fazer o infantil, fazer o teatro e não falar de Milson Henriques é não ter falado de teatro”, disse Léia.

A atriz disse que Milson sempre pedia para os profissionais se divertirem durante a cena. “Milson é um excelente piadista, uma figura que alegra o camarim, ele sempre gostava de estar com a gente, no camarim contando piada, se divertindo, até quando não era peça dele, ele sempre acompanhava nosso trabalho, então falar do Milson Henriques, é falar de alegria, falar de momentos alegres. O Milson dizia: Divirtam-se em cena, e é isso que a gente faz, Milson Henriques, te amamos”, disse Léia dias antes da morte do artista.



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