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Acesso em teatro de Vila Velha é dificultado para cadeirante - (Vila Velha, ES)

Vila Velha

Eu me sinto discriminada, afirma cadeirante sobre entrada lateral em teatro de Vila Velha - Constrangimento

Constrangimento Eu me sinto discriminada, afirma cadeirante sobre entrada lateral em teatro de Vila Velha

Ainda que uma legislação obrigue que os prédios públicos sejam adaptados às pessoas com deficiência física, muitas construções, inclusive as mais recentes, não apresentam condições dignas de acesso. Locais como cinemas, teatros e estádios, por exemplo, estão entre os que dificilmente colocam em prática a legislação pátria em matéria de acessibilidade.

No fim de 2015, por pouco a farmacêutica Patrícia Orlette, 41 anos, que é cadeirante, não conseguiu assistir a apresentação de balé da própria filha, no Teatro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O único elevador disponível para acessar o local estava em manutenção. Após muita reivindicação, de acordo com Patrícia, o problema foi solucionado.

Mas, o episódio enfrentado pela farmacêutica se não limita somente a um espaço. Após cinco anos fechado, o Teatro Municipal de Vila Velha foi reaberto em maio deste ano. A prefeitura gastou R$ 412 mil na reforma, mas no quesito acessibilidade não atendeu as expectativas da população.

Um dos problemas perceptíveis é a ausência de rampas na porta da frente. Ao chegar no local, o cadeirante se depara com uma escadaria, sem condições de entrar. Patrícia, por exemplo, precisa utilizar uma entrada lateral.

“Eu me sinto discriminada. Pago todos os meus impostos como outros cidadãos e quero acesso a tudo. Como as outras pessoas. Quero entrar pela porta da frente e me admira muito a prefeitura aprovar um projeto que não prevê o mínimo. Eu vou com minha família, eles entram pela frente e eu em um local diferente deles? Não pode ser assim. Isso me constrange e me entristece”, desabafa.

Além de um acesso conveniente para quem necessita, o teatro precisa de muitas outras alterações, afirma a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB-ES, Maristela Logon Arantes. “Falta tudo, não apenas rampa. Aliais, a única rampa que foi feita está em uma saída de emergência. Não há banheiros acessíveis e marcações táteis”, conta.

Adaptação não ocorreu por falta de dinheiro, diz prefeitura

O Ministério Público (MP-ES), por meio da 4ª Promotoria de Justiça Cível de Vila Velha, informa que recebeu a denúncia e abriu procedimento para verificar o projeto arquitetônico do teatro. A promotoria também notificou a administração municipal para que suspenda qualquer atividade pública a ser realizada no teatro até que sejam feitas as devidas correções.

O secretário de Cultura de Vila Velha, Alberto Pêgo, explica que o valor investido para reabertura do teatro se concentrou na recuperação de móveis, pintura entre outras pequenas intervenções. “Não tínhamos dinheiro para executar toda obra, por isso preferimos reabrir o teatro. Não executamos o que estava no projeto, que previa acessibilidade completa, explica.

Flavia Chiabai, mãe de Pedro, que é cadeirante, relata que o problema não está somente em entrar pela lateral, mas também na hora de se locomover dentro do teatro.

“O único banheiro adaptado está no segundo andar. Não acredito que um arquiteto tenha se prestado a isso. É um desrespeito”, desabafou Parte dos equipamentos que vão promover a acessibilidade no teatro já foram providenciados, de acordo com o secretário de Cultura. No entanto, ainda existem problemas, como a entrada no banheiro do primeiro andar.

“O banheiro tem acessibilidade quase completa, o problema é a porta que não tem o tamanho adequado para cadeira de rodas passar. Ela passa, mas apertado”, relata.

Muitas leis buscam tornar mais simples o desejo ir e vir de pessoas com necessidades especiais para se locomover, mas não é sempre que essas obrigações são cumpridas. E, em vários exemplos, as adaptações são mal feitas. Enquanto os espaços não são adaptados, milhares de pessoas com deficiência permanecem numa luta por acessibilidade, enfrentando barreiras quase invisíveis aos olhos da sociedade.


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