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Alunos aprendem sobre a história judaica visitando sinagoga - (Espírito Santo, ES)

Espírito Santo

Alunos aprendem sobre a história judaica visitando sinagoga no Centro - Centro de Vitória

Centro de Vitória Alunos aprendem sobre a história judaica visitando sinagoga no Centro

Shofar, Menorá, Chanukiá, Matzá e Talit. Palavras que não fazem parte do nosso cotidiano, mas que agora já estão na ponta da língua dos alunos do 3º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Amilton Monteiro da Silva, que fica em Mário Cypreste. Nesta quinta-feira (28), a aula para esses alunos aconteceu nos pontos que caracterizam a comunidade judaica na capital.

As visitas fazem parte do projeto da comunidade judaica “Experienciar Vitória nos Espaços Arquitetônicos, Socioculturais-Religiosos e Pedagógicos de Memória da Comunidade Judaica", e a Emef Amilton Monteiro da Silva é a primeira escola a fazer esse pequeno tour.

O principal objetivo é promover a visibilidade da história da Comunidade Judaica em Vitória, informando sobre a influência e a relevância que o povo judeu teve tanto na colonização do Brasil como na formação étnica e cultural do povo brasileiro e, ainda, resgatar a memória, cultura e legado dos judeus, pois eles marcaram importante presença na história capixaba.

A ideia é também fortalecer o diálogo religioso e rememorar a cultura judaica, sua importância histórica e cultural para a formação da Civilização Ocidental, influenciada pelos costumes, línguas ou dialetos, culinária e pela arte em todas suas variantes, como música, danças, literatura ou artes plásticas.

Tenda de Abraão
A primeira visita foi na Tenda de Abraão, loja de artigos judaicos. Várias perguntas foram lançadas durante a demonstração do uso do Talit (acessório religioso em forma de um xale feito de seda, lã ou linho, que é usado como uma cobertura na hora das preces); do Kipá (chapéu utilizado pelos judeus tanto como símbolo da religião como símbolo de "temor a Deus"); do torah (pergaminho que contém os cinco primeiros livros da Bíblia); e do Yad, instrumento que é usado para a leitura do Torah, que pôde ser manuseado e experimentado pelos alunos.

Um dos instrumentos de sopro mais antigos e tradicionalmente sagrado para os judeus, o Shofar, feito de um chifre de animal casher (considerado limpo), foi a sensação entre os alunos. Eles não conseguiram produzir o som esperado, mas com certeza entenderam melhor sobre os rituais de orações dos judeus.

Keará
E por falar nisso, após participarem de uma oração em hebraico, traduzida simultaneamente para o português, os alunos foram convidados para conhecer o keará, um prato especial utilizado geralmente no jantar da Páscoa Judaica (Pêssach), em cerimonial em que se recorda a história do Êxodo e a libertação do povo de Israel.

A keará é um prato de qualquer material com locais específicos para cada um dos alimentos usados na noite de Pêssach. Assim, até a comida é para reflexão, pois cada item na travessa está repleto de significado:

Betsá: é o ovo cozido e simboliza o ciclo da vida, por ser oval e poder se dar uma volta completa em seu entorno;
Zeroá: osso tostado com carne, e refere-se ao fato de Deus ter tirado os judeus do Egito com seu braço estendido, já que zeroá quer dizer antebraço; é também um símbolo da força dos escravos hebreus no Egito;
Maror: são ervas amargas, como escarola e alface romana. Sendo amargas, elas simbolizam a amargura da escravidão dos hebreus no Egito.
Karpás: pode ser cebola crua, batata cozida mergulhada em água com sal, salsinha ou salsão. Representa as lágrimas do hebreus;
Charósset: é uma mistura de maçã, pêra, nozes e vinho tinto. Lembra, na aparência, a argamassa usada pelos hebreus no Egito para fazer tijolos.
Chazeret: são ervas amargas (costuma-se usar alface romana). Simbolizam o sofrimento dos hebreus na escravidão do Egito.
Matzá: é o pão ázimo. Três delas são colocadas no centro da keará, simbolizando o três grupos judeus: Cohanim, Leviim e Israel.
Sinagoga
Da loja de artigos judaicos, os alunos seguiram para a Sinagoga Beit Tefilah Rechovot, que é o local de culto da religião judaica, e que em Vitória ocupa o antigo casarão da Ladeira Dom Fernando, onde antes funcionava a maternidade Pró-Matre, próximo ao Convento de São Francisco, na Cidade Alta.

É uma casa imensa, de arquitetura eclética tardia, ou seja, do tempo em que no Centro de Vitória havia chácaras, e que a Congregação Judaica recuperou da ruína e do abandono.

“Eu já conhecia a Sinagoga, tinha vindo com minha mãe. Gostei muito das visitas, nos traz novas experiências. Não tinha provado as comidas ainda e não gostei muito da erva amarga. Mas as outras são deliciosas. Poder comer o que eles comiam antes me traz uma boa sensação”, contou Lana Elisa Vieira, de 8 anos.

“Meus pais já vieram à Sinagoga e eu os acompanhei. Gostei muito de ter novamente a experiência. As histórias são muito boas e as comidas também. Apesar de ser amarga, eu gostei da erva, me fez lembrar a época dos egípcios”, disse Abner Santos, de oito anos.

Membros
Mais de 100 mil pessoas são de religião judaica no Brasil, mas o número de descendentes que não praticam mais o judaísmo é incerto. Segundo pesquisa de 1999, do sociólogo Simon Schwartzman, 0,2% dos brasileiros entrevistados afirmaram ter ancestralidade judia, percentual que, numa população de cerca de 200 milhões de brasileiros, representaria cerca de 400 mil pessoas.

A presença judaica no Espírito Santo ao longo de seus 500 anos é fato historicamente reconhecido embora a preservação de sua identidade tenha variado em função de mudanças decorrentes de seu modo de inserção nos diferentes momentos da vida capixaba.


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