Warning: mysql_num_rows(): supplied argument is not a valid MySQL result resource in /home/capixabao/public_html/_v5_meta.php on line 1480
Custo do poder: Casa, dinheiro e cargos para líderanças - (Cariacica, ES)

Cariacica

Custo do poder: Casa, dinheiro e cargos para líderanças - Cariacica

Cariacica Custo do poder: Casa, dinheiro e cargos para líderanças

Você tem idéia de quanto um candidato chega a oferecer a um líder comunitário em busca de apoio?

Na corrida eleitoral, essas propostas vão desde cargos comissionados em uma futura gestão ou mandato legislativo, passando por dinheiro, relatos dão conta de que são distribuídas somas de até R$ 30 mil na reta final da campanha e ?salários? de até R$ 2 mil mensais - e promessas de melhorias urbanas, além de obras e até construção de casas populares nos bairros que os líderes representam.

Lideranças comunitárias e políticos ouvidos, revelaram como funciona esse lado da corrida por votos. E quem busca vitória nas urnas aumenta o assédio nessa época a esse cabo eleitoral por excelência: o líder comunitário. A explicação é simples: os líderes detêm credibilidade e influência em grandes bairros e segmentos, abrindo caminho à penetração das candidaturas em partes consideráveis do eleitorado. Vitória, Serra, Cariacica e Vila Velha reúnem cerca de 570 associações e movimentos comunitários - um verdadeiro "exército" de lideranças.

Seu Josino Pereira, 61 anos, sabe bem disso. Líder há 10 anos do bairro Bela Vista, onde vivem mais de cinco mil pessoas na periferia de Vitória, ele carrega nas críticas a quem não cumpre o que promete - e por isso mesmo rompeu com um vereador. "Tem muito líder que pega propina. Não puxo saco e não aceito vantagem porque não sou capacho. Tem que fazer obra, porque a comunidade não serve só para dar voto e pagar imposto", dispara.

O aposentado conta ter recusado oferta de R$ 600,00 mensais para coordenar campanha de um candidato a vereador. Josino testemunhou casos em que se paga até R$ 2 mil para assessorar campanhas. "Já prometeram até casa popular para o bairro, dinheiro para eu apoiar o cara, emprego. Pior é que a pessoa humilde não nega", revela uma outra liderança, esta da Serra.

Um líder de Cariacica que também preferiu não se identificar detalha montantes a rolar nas vésperas de eleição. "Um candidato a deputado em 2006 chegou a distribuir a sete líderes cerca de R$ 30 mil nas últimas semanas de campanha".

Proximidade com o poder...

Líderes comunitários não são remunerados por essa função, segundo relatos ouvidos, muitos são empregados de prefeituras, câmaras e assessores de parlamentares. "Quem não tem emprego fixo acaba aceitando, isso pode prejudicar a independência e virar cooptação", diz um líder de Vitória que prefere o anonimato.

Em Vila Nova de Colares, Serra, o líder comunitário Jenilson Marques dos Santos, o Pequeno, 41 anos, é funcionário de um posto de saúde municipal. "O líder não pode ser de oposição ao prefeito, e sou parceiro de Sérgio Vidigal".
Pequeno tentou uma vaga de vereador em 2008 e já está sendo assediado por candidatos. "Trabalho social na periferia não é fácil. Tem de arrumar caixão, ver carro para grávida. Já falaram que aqui é curral eleitoral, porque chegam para comprar voto, mas o povo está alerta".

Líder do bairro Terra Vermelha, em Vila Velha, Marcos Antônio do Espírito Santo, 57 anos, tem no desafio de adaptar sua realidade à deficiência visual a mesma força com que a Grande Terra Vermelha luta para romper a imagem negativa pela qual ficou conhecida - a região tem cerca de 72 mil moradores. "Candidatos vivem por aqui, mas depois é difícil ver emenda e obra. Acham que o líder comunitário é dono do voto, mas não é isso. Eu não aceito coisa que não é certa.
Em período eleitoral, só declaro apoio com a promessa cumprida", diz. Fundador do bairro em 1989, Marcos perdeu a visão lutando em movimentos de moradia. "Só se consegue ser líder na luta".

Imagem: Divulgação
Revisão: Ivan de Freitas – [email protected]


Tags:



Publicidade