As primeiras declarações do governador Paulo Hartung sobre a denúncia formal da “Operação Naufrágio” colocaram em xeque o “arranjo institucional” com o Tribunal de Justiça do Estado (TJES).

Apesar de Hartung avaliar que o Judiciário não colocou “panos quentes” no caso, os meios jurídicos consideram que o governador acusou o golpe da ameaça real a aliados de primeira hora na Justiça capixaba.


De acordo com fontes dos meios políticos, a fala de Hartung acontece justamente no momento em que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ameaça entrar na esfera das fraudes em concursos públicos do TJES, que acabaram de fora da denúncia do Ministério Público Federal (MPF). Certames que tiveram em sua maior parte o dedo do ex-presidente interino Álvaro Bourguignon, principal emissário de Hartung no TJES.


Durante uma solenidade de inauguração, o governador declarou à reportagem da rádio CBN que o Judiciário capixaba “vem agindo e vem tomando providências, vem corrigindo erros internos, vem prestando contas à sociedade” desde o início da crise. . "Indício é indício, prova é prova. Todo o acusado tem que ter o seu direito de defesa", ponderou sobre as investigações que levaram todo ano de 2009.


Hartung voltou a comparar o “novo Espírito Santo” com o passado, apesar da crise com o Judiciário não ter precedentes na história: “O Espírito Santo está dando um bom exemplo para o país. No passado, a gente podia ficar encolhido, envergonhado com as coisas que acontecem no Estado, mas hoje, sinceramente, nós podemos ter orgulho das coisas que acontecem no Estado”.

Na avaliação dessas fontes, o governador insiste na posição de árbitro do “bem” e do “mal” para exaltar a capacidade do Judiciário responder às demandas trazidas pela maior crise de sua história. Os bastidores indicam ainda que Hartung também não esperava pela mobilização do CNJ em aprofundar as investigações das fraudes nos concursos, revelações baseadas em reportagens de Século Diário, inclusive, anexadas à denúncia do MPF.


Observadores dos desdobramentos do Naufrágio relembram que o governador contribuiu indiretamente com os concursos, já que durante os sete anos de mandato, aumentou a dotação orçamentária do TJES de R$ 286 milhões (no ano de 2002) para R$ 611 milhões, em 2009. A previsão orçamentária garantiu a possibilidade da criação de novos vagas e cargos remunerados, divididos entre parentes e amigos de magistrados, como revelou as investigações.

Imagem: Divulgação internet

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