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Euclério Sampaio: agora vou até o fim! - (Aracruz, ES)

Aracruz

Euclério Sampaio: agora vou até o fim! - Aracruz

Aracruz Euclério Sampaio: agora vou até o fim!


24 horas após a sessão especial reservada para o governador Paulo Hartung apresentar a sua “prestação de contas” à Assembléia Legislativa, o deputado Euclério Sampaio ainda estava em estado de vigília, parecia um sentinela arguto à espera sorrateira do inimigo.

A “ressaca” da quinta-feira ainda era resultado do entrevero com Hartung, no dia anterior. Euclério contou que estava recebendo apoio de diversos eleitores e até de alguns deputados, que ele preferiu não identificar por motivos óbvios. O pedetista disse estar consciente do que fez e do que pretende fazer de agora em diante. “Fiz o que tinha de ser feito: questionar as ações do governador. O meu compromisso é com aqueles que me elegeram.

O povo não tolera mais uma Assembléia apática”, advertiu. Quanto ao bate-boca com Hartung, o pedetista disse que o governador foi leviano nas acusações e que agora vai levar essa briga até o fim. “Sou cavalo desembestado. Ninguém me segura. Agora vou até o fim”.


O pedetista, que foi protagonista de um dos embates mais duros com o governador Paulo Hartung nesses seus sete anos de mandato, disse que a Assembléia está subserviente e apática. “São 29 deputados parados. E o povo está vendo o que está acontecendo nas sessões pela TV e acompanhando os noticiários nos jornais e na internet. Não estou me referindo somente ao fato de ser ou não oposição ao governador, mas a essa postura apática da Assembléia”.


Nas primeiras horas da manhã da quarta-feira (10), momentos antes do início da sessão especial que duraria mais de seis horas, Euclério já circulava agitado pelos corredores da Assembleia com alguns papéis nas mãos. Concentrado, o deputado relia as três perguntas que faria ao governador.


Momentos antes do “show”, Euclério lembra que causou alvoroço entre os colegas quando avisou que iria encostar o governador na parede com as perguntas que havia preparado. “Alguns deputados me pediram para não atacar o governador e estragar a sessão que era tão importante para história da Assembleia”. Euclério disse também que alguns colegas “mais chegados” temiam que o governador pudesse associá-los ao discurso de

Euclério, por serem mais próximos do pedetista. Ainda no burburinho de bastidores correu que o líder do governo na Assembleia, deputado Paulo Roberto (PMN), já prevendo o pior, tentou, numa atitude desesperada, cooptar Euclério para a base governista.


Nada, porém, fez Euclério mudar de ideia. Durante três minutos, tempo destinado à sua fala, o deputado sabatinou Hartung. Quis saber se o governador estava realmente criando vagas no sistema prisional ou estava apenas trocando “presídios velhos por novos”. Na área da saúde, o deputado pediu esclarecimentos sobre o aumento dos casos de dengue no Estado e criticou a baixa qualidade dos serviços prestados nos hospitais públicos à população.


A pergunta que causaria mais constrangimento e irritação ao governador foi a que levantou suspeição sobre o envolvimento da secretária de Meio Ambiente, Maria da Glória Abaurre, com a empresa Cepemar. Euclério argumentou que a secretária já havia ocupado cargo de direção na empresa. Além disso, ele lembrou que Maria da Glória continua a exercer estreita relação de amizade com diretores da empresa, o que coloca em xeque a lisura das licenças concedidas pela Cepemar.


Fora isso, o deputado ainda disse que o governador havia recebido dinheiro para financiamento de campanha das mesmas empresas que eram favorecidas na concessão de licenças ambientais. Na lista de doadores de Hartung à reeleição aparecem empresas como a Aracruz Celulose (R$ 200 mil), CSN (R$ 600 mil), MBR Mineração (R$ 1 milhão). Segundo o deputado, empresas que receberam licença ambiental da Cepemar. Euclério afirmou que a prática é legal, mas imoral. “Essas estreitas relações de amizades e interdependência quebram os princípios da neutralidade, imparcialidade e isenção, conforme prevê a legislação ambiental”, destacou Euclério.


Por fim, o pedetista ainda quis entender por que o governador havia negado licença ambiental ao consórcio formado pela Baosteel- Vale, e agora estava em vias de aprovar licença para um projeto da Vale bastante similar ao anterior e inclusive no mesmo local (Ubú). O deputado ainda lembrou que problemas como a falta de água, poluição do ar e outros prejuízos ambientais serão iguais ou maiores para a região de Anchieta com o novo empreendimento.


Para Euclério, a reação de Hartung era esperada. “Isso é bem típico dele. O Hartung, vira e mexe, aparece com essa história de ‘político do passado’ ou ‘forças do passado’. Ele falou isso para tentar me desqualificar e me associar ao crime organizado. Político do passado é ele. Inclusive, todos os políticos remanescentes fazem parte da base dele. Eu disputei minha primeira eleição em 2002”.


O pedetista disse ainda que Hartung e muitos políticos que fazem parte da base do governo são “viciados”. Ele explicou que ‘político viciado’ é aquele que faz uso de ‘velhas práticas’, que o governador diz abominar. “Hartung é conivente com essas práticas viciadas. Tanto isso é verdade, que ele apadrinha diversas pessoas que respondem a processos na Justiça por corrupção”.


Bancada do PDT
O parlamentar disse também que não esperava contar com o apoio de seus “colegas” de partido. A deputada Aparecida Denadai, que vez ou outra costuma empunhar algumas bandeiras com Euclério, também virou as costas para o colega. Os outros deputados do PDT, que fizeram uso da palavra, também mantiveram o discurso bajulador adotado por Aparecida.


Sem mágoas, ele disse que, de certa forma, entendia a posição de alguns deputados. “Nesse Estado vigora a política do medo. Pouquíssimas pessoas hoje não temem o governador, que insiste em se comportar como um imperador. No entanto, eu só esperava que o presidente da Assembléia cumprisse o regimento interno da Casa.

A obrigação do deputado Élcio era fazer a defesa do poder legislativo. Mas ele, ao invés de defender o meu direito de parlamentar, descumpriu o regimento e se voltou contra a minha pessoa. Após a sessão, ele deu uma entrevista a um jornal e ainda usou palavras ofensivas contra mim. Isso não tem cabimento”, criticou.


Alguns deputados, para ganhar mais alguns pontinhos com o governador, criticaram a postura de Euclério. O deputado Rodrigo Chamoun (PSB), por exemplo, foi um dos que fizeram uso da palavra para criticá-lo, inclusive de maneira covarde, uma vez que o pedetista havia deixado a sessão após o bate-boca com Hartung. Chamoun disse que discordava da opinião contrária de Euclério à construção da Companhia Siderúrgica de Ubú (CSU). “A questão da CSU foi mal interpretada pelo ‘colega’ [Euclério]. O tema foi abordado de forma ‘esquisita’.

Governador, não deixemos que movimentos ‘estranhos’ atrapalhem esse projeto”, suplicou Chamoun, que também confidenciou que desde adolescente sonhava em usar o uniforme da Samarco. Hartung aproveitou a deixa de Chamoun e emendou, dando mais uma chamuscada em Euclério: “Quem fala o que quer, ouve o que não quer”.


Euclério, na quinta-feira (11), confessou que ainda não havia encontrado tempo para ouvir na íntegra a gravação da sessão. Por isso, não se sentia à vontade para comentar as críticas. “De qualquer maneira, atribuo essas atitudes ao desespero desses deputados. Eles querem apenas defender as benesses que mantêm junto ao governo. Na verdade, esses deputados estão mais interessados em defender interesses pessoais do que cumprir seu compromisso de representar o povo. Eles estão pensando só na reeleição, olhando para o próprio umbigo. Não é assim que funciona. O povo está atento”, alertou o oposicionista.

Foto: Divulgação internet


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