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Produção de café capixaba longe da crise - (Marilândia, ES)

Marilândia

Tecnologia de ponta, pesquisa e dedicação mantêm produção capixaba de café longe da crise - Café capixaba

Café capixaba Tecnologia de ponta, pesquisa e dedicação mantêm produção capixaba de café longe da crise

A entrevista especial desta semana vai interessar não só àqueles que apreciam um bom cafezinho, mas também a todos que vivem, direta ou indiretamente, do fortíssimo agronegócio do café capixaba. O Estado é campeão nacional da produção de Conilon e o segundo maior produtor do planeta – só perde para o Vietnã. Para falar dessa e de outras conquistas, mas também das dificuldades do setor, o Folha Vitória foi conversar com o presidente do Centro do Comércio do Café de Vitória, Luiz Antonio Polese.

Desde 2005, o dia 24 de maio entrou para o calendário como o Dia Nacional do Café. O que o Espírito Santo tem a comemorar nessa data?

O Espírito Santo tem muito a comemorar. São 100 anos de Conilon, com produção estimada pela Conab em 9,52 milhões de sacas. São 200 anos de Arábica, com produção estimada pela Conab em 3,31 milhões de sacas.Temos a melhor base genética de café “Robusta” do mundo, localizada na Fazenda do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural) no município de Marilândia. Temos a melhor produtividade entre os estados produtores de café. A qualidade dos nossos cafés melhorou significativamente nos últimos anos e os produtores estão ganhando dinheiro, notadamente os de Conilon.

Este ano, questões climáticas estão fazendo com que a safra comece a ser colhida mais cedo. Isso afeta a qualidade do produto? E o preço?
As condições climáticas, apesar de um pequeno período sem chuvas, podem ser consideradas normais. Os preços de início de safra estão superiores em quase 10% dos preços do ano passado, em que a saca de Conilon foi comercializada a R$ 221,00. Nós continuamos a recomendar que os produtores só colham o café quando as lavouras estiverem com mais de 80% dos frutos maduros.

Qual a expectativa do CCV para a produção capixaba de Conilon este ano, em termos de volume (quantidade de sacas)? E de Arábica?
Nós, do CCCV, estamos estimando uma safra entre 11 a 12 milhões de sacas de Conilon aproximadamente. O que pode ocorrer é uma pequena quebra no peso, algo em torno de 5 a 10%. Para o Arábica a expectativa é de aproximadamente três a 3,5 milhões de sacas. Os preços de comercialização, em comparação com as médias históricas, estão favoráveis ao produtor, ou seja, ele vendeu Conilon no início da safra de 2012 a R$ 221,00 e está vendendo hoje a R$ 240,00.

De que forma o fato de estarmos na bianualidade negativa (ano em que os cafezais produzem menos) afeta o agronegócio do café?
A bianualidade ocorre no Arábica. Entretanto, vem-se observando, em razão dos investimentos que foram feitos nas lavouras e de ações desenvolvidas, uma redução na diferença de uma safra para a outra. A tendência para os próximos 10 anos é que esta bianualidade negativa desapareça.

A queda de 32,14% no Valor Bruto da Produção (VBP) neste ano, de acordo com dados do Ministério da Agricultura divulgados pelo Conselho Nacional do Café (CNC), indica que o setor está em crise? Caso positivo, o que ocasionou essa situação e como revertê-la?
Esta queda forte ocorre no café Arábica. No Conilon isso não aconteceu, pelo contrário: os preços se mantiveram, inclusive com viés de alta. O produtor de Arábica realmente amarga prejuízos e vive uma conjuntura mundial adversa.

O café representa cerca de 44% do PIB agrícola do Espírito Santo, tendo alcançado a cifra de R$ 3,56 bilhões em 2012. A queda (do VBP) afeta a economia do Espírito Santo?
Não acreditamos nisso, porque nossa forte produção esta concentrada no café Conilon. Realço que a cafeicultura capixaba é economicamente muito importante para o Estado, socialmente talvez seja a mais importante atividade, gerando mais de 300 mil empregos diretos, aproximadamente, e outros 150 mil indiretos. A maior parte dos municípios do interior capixaba tem na cafeicultura sua principal atividade econômica. A cafeicultura representa, sozinha, quase 50% do PIB agropecuário, fixa o homem no campo, distribui riqueza e ajuda o País na balança comercial.

O aumento no preço mínimo da saca de café, proposto pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) após três anos sem reajuste, satisfaz os produtores capixabas? E como isso afetará o bolso dos consumidores?
O aumento de R$ 261,69 para R$ 336,13 no preço mínimo para o Arábica e R$ 156,57 para R$ 180,00 no Conilon, que deve ter sido aprovado ontem (29) pelo Conselho Monetário Nacional, satisfaz os anseios dos produtores capixabas. Entretanto, isso não acarretará aumento no preço final do café torrado e moído comprado pelos consumidores nos supermercados. Na reunião de ontem do CMN também seriam discutidas novas condições de financiamento para o setor mas, a meu ver, o setor produtivo cafeeiro vem sendo bem atendido. Os produtores de Arábica tiveram seus financiamentos da safra passada prorrogados e as condições para pagamento foram flexibilizadas. Os novos financiamentos para o custeio da nova safra não foram prejudicados. Portanto, a expectativa é positiva.

A produção de café no Estado e a produtividade de suas lavouras são crescentes. Porém, o agronegócio se queixa de enormes perdas provocadas por estradas ruins, insuficiência de armazéns adequados, gargalos portuários etc. Nesse cenário, qual é a situação hoje no Espírito Santo?

Percebemos, ao longo dos últimos 10 anos, um grande esforço do governo estadual para atender o interior com estradas, eletrificação rural, equipamentos, transferência de tecnologia, enfim, o trabalho desenvolvido pela Secretaria da Agricultura é digno de parabéns.
É claro que ainda tem muita estrada para ser melhorada, mas a gente percebe as ações do governo estadual. Por exemplo: recentemente, foi lançado pela Secretaria da Agricultura o maior investimento da história capixaba. Foram R$ 100 milhões em novas estradas através do programa “Caminhos do Campo”, caminhões, tratores, telefonia móvel etc.

Com relação à armazenagem, nossa expectativa é que os exportadores de café supram essa dificuldade.Os gargalos portuários deverão ser resolvidos com as obras de dragagem, melhoria dos piers, aumento de retroáreas, sinalização noturna e possibilidade de entrada de navios de porte médio.
Com a construção do novo porto de águas profundas ou utilização do espaço localizado no Porto de Praia Mole para embarque de contêineres se restabelecem todas as linhas com a Europa e EUA, entre outros, e passaremos a ter navios de grande porte atracando em Vitória.

Hoje, para garantir competitividade, a busca por qualidade precisa incluir também a busca por maior valor agregado, por meio de diferenciação e inovação. Como o produto capixaba se insere nesse cenário?
Concordamos plenamente que é preciso agregarmos valor ao nosso produto. De certa forma, estamos caminhando nesse sentido já há algum tempo. No café Arábica foi feito um grande esforço pelo Incaper e pelos produtores nessa linha da melhoria de qualidade e agregação de valor. Os resultados são satisfatórios. No Conilon este caminho também está sendo perseguido. São muitos produtores já certificados (4C, UTZ e outras certificações). 

Este é um caminho sem volta. O mundo exige qualidade. Café é alimento, portanto, precisa de qualidade.Quando produzimos qualidade, nos inserimos neste contexto mundial de sustentabilidade. Acreditamos que o Espírito Santo (enquanto governo,instituições, exportadores, indústria e, principalmente,produtores) está no caminho certo.
Aliás, o Espírito Santo é o único estado produtor de café quem tem no agronegócio café toda a cadeia econômica envolvida: Federação da Agricultura, OCB – Organização das Cooperativas, Coabriel e outras cooperativas, indústria de solúvel (Realcafé), indústrias e seus sindicatos, exportadores e sua entidade, o Centro do Comércio de Café de Vitória, produtores, Secretaria da Agricultura, Incaper e Cetcaf.

Não podemos concluir essa conversa sem falar da Operação Robusta. O senhor afirmou que, além das prisões já efetuadas, “é necessário dar continuidade às investigações e adotar algumas medidas, como o aperfeiçoamento da legislação e a criação da nota fiscal eletrônica de produtores rurais”. O que o CCCV pretende fazer ou está fazendo para que tais medidas sejam adotadas e qual a possibilidade de que isso efetivamente aconteça?
 
Denunciamos a existência de um grande esquema de sonegação fiscal desde a nossa posse, em 2010. A Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) trabalhou com competência nas investigações. O Ministério Público Estadual fez um belíssimo trabalho, aliás, está fazendo, e acreditamos que o aprofundamento acontecerá. O CCCV defende o aprofundamento das investigações, envolvendo também a Delegacia da Receita Federal, porque além do ICMS, outros impostos, da esfera federal, também foram sonegados, tais como Imposto de Renda, Funrural e Senar. Nossa sugestão da adoção da nota fiscal eletrônica de produtor rural é uma das várias as sugestões que fizemos.

A Sefaz está aberta às sugestões e acreditamos que as mudanças propostas visam à simplificação, facilitando o trabalho dos auditores fiscais, melhorando a qualidade das informações geradas pelo negócio café e fortalecendo as práticas empresarias éticas e sustentáveis.

O entrevistado
Luiz Antonio Polese é presidente do Centro do Comércio do Café de Vitória (CCCV) e diretor da Custódio Forzza Comercial e Exportação e da Forzza Fomento Mercantil. Formado em Administração e em Direito, com MBA em Finanças pela Coppead/UFRJ, A vocação de servir à sociedade levou Polese a fazer carreira em instituições públicas, como o Banco do Brasil, e ocupar posições como vice-prefeito, vereador e presidente da Câmara Municipal de Colatina, diretor e conselheiro do Banestes, secretário estadual de Transporte e Obras Públicas e presidente do Conselho de Administração da Ceturb. Presidiu o CCCV no biênio 2010/2012, tendo sido reeleito para nova gestão, no período 2013/2014.


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