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Saiba como combater o mal-estar das viagens - (Montanha, ES)

Montanha

Saiba o que funciona para combater o mal-estar em passeios de barco ou viagens - Veja dicas

Veja dicas Saiba o que funciona para combater o mal-estar em passeios de barco ou viagens

Para algumas pessoas, basta entrar em um carro em movimento, um avião ou um barco para começar a se sentir mal. As curvas na estrada, a aceleração, os solavancos, a subida e a descida, as oscilações das ondas trazem grande desconforto e mal-estar, tornando uma simples viagem algo complicado. Muitos não sabem, mas isso pode não ser apenas uma sensibilidade do corpo ou "frescura", como dizem, mas um distúrbio bem conhecido no meio médico: a cinetose.

Chamada de "mal do movimento", ela ocorre quando o cérebro recebe diferentes informações dos sistemas que definem a ação humana no espaço: o visual (olhos), o vestibular (labirinto) e o proprioceptivo (receptores sensoriais das articulações e músculos). Isso o deixa "confuso", uma vez que o veículo dá a sensação de estar em movimento, enquanto o corpo permanece em repouso. Em pessoas com uma sensibilidade maior no labirinto, órgão responsável pelo equilíbrio, esse conflito sensorial desencadeia sintomas como tonturas, suor frio, sensação de desmaio, enjoos, náusea e até vômitos.

"É um mal da modernidade, pois criamos uma situação que não existia na natureza no passado: você está sentado, suas pernas dizem que você está parado, mas o labirinto e a visão recebem a sensação de movimento", explica Ricardo Dorigueto, otorrinolaringologista e chefe do setor de Eletrofisiologia da Audição e do Equilíbrio Corporal da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Cinema 3D

Além dos meios de transporte, a cinetose pode se manifestar também em brinquedos de parques de diversão, como a montanha-russa, e até em filmes cuja movimentação do ambiente é muito rápida, em computadores e simuladores da realidade, como cinemas 3D, 4D e 360 graus e alguns jogos de videogame. "É um problema bastante limitador, pois, às vezes, impede o paciente de fazer uma viagem e até mesmo de trabalhar no computador", explica o médico da Unifesp.

O distúrbio é mais comum em crianças, que ainda têm o labirinto em desenvolvimento, mas pode acometer também adultos com maior sensibilidade neste órgão. A boa notícia é que ele pode diminuir e até desaparecer com o tempo, por meio da reabilitação vestibular, que consiste em submeter o paciente a atividades que ajudam a desencadear os sintomas.

O objetivo é treinar o equilíbrio corporal nestas situações e ajudar o paciente a se adaptar ao movimento. "Eles estimulam a plasticidade do sistema nervoso, gerando uma adaptação que leva o paciente a responder melhor às situações. São excelentes para tornar o labirinto mais resistente e fazer com que o paciente não tenha os sintomas quando submetido a essas acelerações", explica Fernando Ganança, otorrinolaringologista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (Aborl-CCF).

Tratamentos

Um dos tratamentos mais comuns consiste em movimentos de olhos, cabeça e corpo feitos em consultório e que devem ser repetidos em casa pelo paciente, diariamente. "Se o paciente se expõe todos os dias, o estímulo pode ir diminuindo, pois o cérebro vai se acostumando", diz Dorigueto.

O paciente fica em pé e com os olhos fixos em uma máquina chamada de tambor optocinético, localizada logo à frente. Cheia de listras pretas, ela gira tanto para a direita como para a esquerda. O movimento ajuda a causar um desequilíbrio similar ao que o paciente encontra na vida real. "Aos poucos aumentamos a dificuldade, fazemos com o paciente marchando, mexendo a cabeça, em cima de uma espuma, pois isso gera ainda mais desequilíbrio. O objetivo é eliminar ou diminuir significativamente a tontura", explica a fonoaudióloga Jackeline Yumi Fukunaga.

São cerca de 40 minutos em cada sessão, uma ou duas vezes por semana. Os exercícios devem ser repetidos todos os dias em casa para serem efetivos. "Nós gravamos um DVD com as imagens dessas listras e a pessoa repete os exercícios aprendidos em consultório em casa, com as imagens sendo passadas na TV", continua ela.

Outra forma de tratar a cinetose é por meio de simuladores de realidade virtual, equipados com softwares desenvolvidos especialmente para este fim. O paciente é submetido a uma imagem ou um filme que reproduz um conflito parecido com o que ele teria na vida real. "Ele fica em pé em uma plataforma, com óculos de realidade virtual, e recebe vários estímulos diferentes, com controle de frequência e movimento", explica o médico da Aborl.

Há também a terapia realizada na água. "É feito algo semelhante ao que já se faz no solo, só que água, que tem outra aceleração e outras forças físicas. Nem sempre o que se vê na água está no lugar que achamos. Tudo isso mexe com o equilíbrio corporal e ajuda o paciente a se readaptar", conta Ganança, que fez parte da equipe que desenvolveu a técnica.

A vantagem dessas terapias são os benefícios mais duradouros e ausência dos efeitos colaterais provocados pelos medicamentos. Para pacientes com cinetose crônica, aqueles que se sentem mal praticamente todos os dias, são especialmente eficazes, pois não só combatem os sintomas, mas proporcionam uma adaptação gradual do organismo a essas situações de movimento.

Problema esporádico

Já os pacientes com cinetose mais esporádica podem se beneficiar mais dos medicamentos que tiram o desconforto na hora das crises ou que servem para preveni-los, em geral ingeridos entre 1 hora a até dois dias antes da viagem, segundo o otorrinolaringologista da Unifesp. Algumas dicas bastante simples também contribuem para evitar o mal-estar (veja quadro) em todos os pacientes.

O diagnóstico do distúrbio é clínico e, na maioria dos casos, os exames solicitados pelo médico servem apenas para descartar outras doenças. O quadro típico do paciente de cinetose é daquele que já sente o mal-estar desde criança. "O paciente já vem com histórico de náusea, mal-estar, vômito, indisposição, palidez e frio quando submetido à aceleração de alguns veículos", fala o otorrinolaringologista da Aborl.

Quando o problema surge depois de adulto, esses sintomas podem estar ligados a outras doenças do labirinto. "Existem mais de 300 causas que acometem o labirinto e o deixam mais sensível", diz Ganança.

Por isso, é preciso consultar sempre um médico para confirmar diagnóstico e obter o melhor tratamento em cada caso.
Dicas para se sentir melhor durante as crises
Evitar ingerir muito líquido ou alimentos gordurosos antes de viajar ou entrar em algum brinquedo que provoque solavancos, paradas bruscas ou aceleração. Dar preferência a alimentos leves ou frutas
Evitar o consumo de álcool durante o trajeto da viagem, pois ele agrava os sintomas
Se possível, sentar com o corpo e a cabeça voltados para o sentido do movimento
Evitar o excesso de odores fortes, como perfumes e gasolina, que podem aumentar a sensação de enjoo
Para quem vai viajar de carro ou ônibus, a dica é evitar a leitura durante o percurso, não olhar pela janela e para objetos em movimento e reclinar o banco, quando possível
Um cochilo ou algumas horas de sono durante o trajeto ajudam a aliviar os sintomas
Resfriar o corpo (abrir a janela ou borrifar água no rosto) e fazer exercícios posturais e de relaxamento reduzem a sensação de mal-estar


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