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Oito em cada dez caminhões no ES estão com irregularidades - (Marechal Floriano, ES)

Marechal Floriano

Oito em cada dez caminhões no ES estão com irregularidades - Carga Perigosa

Carga Perigosa Oito em cada dez caminhões no ES estão com irregularidades

Caminhão que tombou na BR 101, na segunda, levava material tóxico

Oito em cada dez caminhões que transportam carga perigosa no Estado apresentam algum tipo de irregularidade ao deixar de cumprir exigências de órgãos ambientais e de transportes. O dado é da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que é o principal órgão responsável pela fiscalização desse tipo de transporte.

Na última segunda-feira, uma carreta carregada de carga tóxica - sem licença ambiental – tentou desviar de um caminhão-caçamba, e acabou tombando no km 238, no limite entre os municípios de Serra e Fundão. A pista ficou interditada por quase 27 horas.

Segundo o inspetor da PRF José Henrique Tosta, durante as fiscalizações são flagradas várias irregularidades, que vão desde a falta de licenciamento e de equipamento de emergência e capacitação do motorista até pneus carecas e carga inadequada para o veículo.

"Tanto a transportadora quanto a empresa que embarca a carga são responsáveis e podem ser penalizadas. Flagramos vários tipos de infrações, até mesmo veículos que transportam produtos perigosos com alimentos. É o caso de supermercadistas que colocam no mesmo compartimento venenos e soda cáustica com embalagens de alimentos", diz o inspetor.

Em uma operação que a PRF fez no mês passado, na BR 262, em Viana, em apenas duas horas, 49 veículos foram notificados por causa de irregularidades no transporte de produtos perigosos. A legislação define nove tipos de produtos perigosos: explosivos, gases, líquidos inflamáveis, sólidos inflamáveis, substâncias tóxicas venenosas e infectantes, materiais radioativos, corrosivos, substâncias que aceleram a combustão e outras substâncias que não se enquadrem nessas classificações.

Sindicato

O presidente do Sindiliques (entidade que reúne empresas transportadoras de cargas perigosas), Joceny Callenzane, afirmou que 19 empresas e cerca de 550 carros atuam nesse tipo de transporte no Estado. Segundo ele, a maior parte das substâncias consideradas mais tóxicas é levada por empresas de fora do Estado. Firmas capixabas atuam com combustível, gás cloro e outros materiais, segundo ele, menos tóxicos.

"Somos regidos por diversas leis e resoluções. A empresa tem que ter licença do Ibama, do Iema, inspeção do Inmetro, além de o condutor ser capacitado. Todos eles têm cursos de direção defensiva, movimentação de produtos perigosos e primeiros socorros ", salientou Callenzane, acrescentando que as empresas também investem na manutenção preventiva da frota. (com informações de Elton Lyrio)

Carga perigosa: 18 acidentes por ano no Estado
Nas estradas do Espírito Santo acontecem, em média, 18 acidentes com transportes de produtos perigosos por ano, ou seja, mais de um por mês. A informação é do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).

"Todo acidente desse tipo gera multa. O valor é avaliado a partir da extensão dos danos, tanto para o meio ambiente quanto para a comunidade", afirma a coordenadora do Núcleo de Acidentes Ambientais do órgão, Jessyca Modenese.

A empresa Transportadora Daslatas Ltda. será multada pelo Iema, mas o valor ainda será estipulado porque depende de fatores como dimensão do impacto, interrupção do tráfego, danos ao solo, recurso hídrico e a vegetação, entre outros. Nenhum representante da empresa foi localizado para comentar o caso.

A multa mínima já aplicada pelo Iema foi de R$ 5 mil, em casos com pouco produto tóxico envolvido e rápida retirada. Já o maior valor foi R$ 760 mil, quando uma carreta provocou derramamento de substância tóxica em Marechal Floriano, atingindo um rio.

A transportadora responsável por carga perigosa ainda pode ser enquadrada na Lei de Crimes Ambientais, cujas multas variam de R$ 50 a R$ 50 milhões.

Remoção
A remoção do produto na BR 101, em Fundão, terminou ontem e foi acompanhada por equipes do Iema. "O risco foi eliminado. O vazamento foi estancado; e a carga, coberta. Queremos que a transportadora destine logo esse material para um aterro sanitário industrial, que ainda não sabemos se será no Espírito Santo ou no Rio de Janeiro", explica Jessyca Modenese. Uma limpeza com raspagem do solo foi realizada no local do acidente ontem.

Famílias saíram de suas casas com medo de intoxicação

Famílias que moram na comunidade de Santiago da Serra, às margens do local onde aconteceu o acidente, tiveram que passar o dia de segunda-feira fora de casa por medo do produto tóxico. O aposentado Benedito Rodrigues, 69 anos, contou que tanto ele quanto a mulher sentiram os lábios secos, falta de ar e irritação nos olhos após a carga vazar. Ele afirma que muita gente procurou a escola da localidade e casas de outros parentes para passar a noite antes de o produto ser removido.

A merendeira Nelci Batista da Silva, 29, contou que passou mal durante toda a segunda-feira. "Estava dentro de casa mesmo e minha garganta começou a fechar. Senti muita dor de cabeça e comecei a tossir. Deixei a casa fechada e fui dormir na casa de uma amiga", conta.

Outra moradora disse que, pouco depois do acidente, algumas pessoas chegaram a se aproximar do local, sem saber do perigo. Uma criança teria sido levada para um hospital, mas foi liberada.

No acidente, o caminhão derrubou três postes, o que provocou queda de energia na região. Em nota, a EDP Escelsa informou que equipes técnicas trabalham no local para finalizar o serviço e restabelecer a energia.

Risco de contaminação de rio só pode ser descartado após análise da água
O presidente do Conselho Regional de Química do Espírito Santo, Alexandre Castro, faz um alerta: ainda é cedo para dizer que não há risco de contaminação para o córrego da região, que deságua no Rio Timbuí.

Castro afirma que esse risco só pode ser descartado depois de análises laboratoriais e destaca que toda substância química é potencialmente contaminante.

Ele explica que o diisocianato de tolueno possui duas moléculas perigosas: o tolueno, que é altamente poluente e o diisocianato, que pode vir a se transformar em cianeto, substância altamente venenosa. "Para se ter uma ideia, o limite de tolueno na água é de 0,2 microgramas por litro, segundo as normas ambientais. O que na prática significa muito pouco dessa substância. Mais que isso já é poluição", afirma.

O presidente reitera que a preocupação do conselho é com o monitoramento da situação, inclusive acompanhamento médico das pessoas que tiveram sintomas depois da exposição ao produto.

O secretário de Meio Ambiente da Serra, Luiz Carlos Bezerra, afirmou que não há risco para a população em beber a água que chega a suas casas. Segundo ele, funcionários de várias secretarias da Serra passaram nas casas orientando os moradores que sentirem sintomas da exposição a procurarem atendimento.

Dnit: trecho onde ocorreu acidente será recapeado
O trecho da BR 101 Norte, no km 238, onde a carreta tombou com substância tóxica, vai ter o pavimento asfáltico recuperado em fevereiro, segundo o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Halpher Luiggi.

"O acidente provocou atraso no cronograma, mas a recuperação do asfalto e dos elementos de drenagem como sarjetas, meio-fio e guarda-corpos das pontes, vai acontecer em todo o trecho que vai do posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Serra, até a entrada de Aracruz", anuncia.

O Dnit também garante que o trecho será um dos primeiros locais duplicados após a assinatura do contrato de privatização da rodovia. "O segundo colocado no leilão contestou o resultado na Justiça, por isso aguardamos decisão", afirma Halpher. O superintendente acrescenta que, pelas informações preliminares, o acidente poderia ter sido evitado se a condução do motorista tivesse sido defensiva.


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