Espírito Santo

Destinos do Brasil: Grécia ou Argentina - Editorial

Editorial Destinos do Brasil: Grécia ou Argentina

Mesmo com toda euforia, a Copa do Mundo para o brasileiro pode ser motivo de tristeza. E não estamos falando do mero risco de nos decepcionar com a seleção. Entra em campo muito mais do que futebol. A Copa é também o momento de confrontar nossa realidade com a de outros países. O encontro com esse Outro pode ser incômodo, desafiador. Muitas vezes encaramos o que gostaríamos de ser. É o caso da Suíça. Outras vezes encontramos o que poderíamos ser. Esse é o Chile. E há sempre a chance de vislumbrar para onde estamos indo. Não sendo algo como Suíça ou Chile, o destino é pouco promissor.

O ano da Copa na Rússia é o ano em que o Brasil volta a ser o "país do futuro". Greves, conflitos e desajustes encerram de vez o delírio do "Brasil potência média". A estrela prometida sumiu no horizonte. Restaram somente as ruínas do nosso "reich progressista de mil anos". Perdemos o tíquete para a Nova Zelândia, potência mundial de commodities. Ignoramos o visto para a Irlanda, sobremaneira beneficiado pela globalização. O que vem pela frente não lembra em nada a ordem e o progresso que acreditávamos merecer. Nosso destino, sinto muito, é diferente do previsto. E suas possibilidades são preocupantes.

Um dos nossos destinos possíveis é a Grécia. Nosso passaporte está garantido pela irresponsabilidade fiscal. Em 2015, o governo grego desabou sob o peso da gastança pública. O motivo foi a "contabilidade criativa", a mesma aplicada no Brasil durante a hegemonia progressista. Por meio de truques contábeis, o governo grego disfarçou seus gastos inconsequentes. Anos depois, nem mesmo bilhões de euros puderam resgatar o país. A situação é semelhante à nossa. Mascarados por longa data, os gastos públicos brasileiros hoje devoram quase toda produção nacional. Não tarda até nos afogarmos nesse mesmo vômito.

Outro destino possível é a Argentina. Nosso tíquete para lá é o nosso projeto econômico populista. Na década de 1990, os argentinos conseguiram se livrar da crise. A inflação foi controlada e o crescimento, recuperado. Desde então, os políticos não resistiram em lançar o mais agressivo populismo. Foram pródigos em ampliar subsídios, protecionismos, funcionalismos. Logo esses gastos ensejaram um colapso econômico, tragicamente abordado com mais e mais populismo. Como resultado, o país chafurda há mais de uma década em crise. E não adianta rir dos "hermanos", porque seguimos caminho semelhante para a ruína.

A Copa do Mundo convida mais do que a torcer. É o momento de encararmos o inferno que é o sucesso e o fracasso do Outro. Quem sabe, isso nos liberte das nossas contradições. De todas elas, a mais urgente é a forma como buscamos o potencial que imaginamos possuir. Queremos um padrão de vida dos Estados Unidos. Mas buscamos esse padrão usando a gestão fiscal da Grécia e o modelo econômico da Argentina. Precisamos com urgência mudar a formação desse time. Ele definitivamente não está vencendo.

- A redação.


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