Começa em maio a campanha do Maio Amarelo, uma forma de lembrar a luta
por um trânsito mais seguro. Derivada de iniciativas internacionais, a
campanha é oportuna no Brasil e no Espírito Santo, lugares onde a violência
no trânsito atinge situação alarmante. Em diversas esquinas, avenidas e
rodovias, as ruas brasileiras e capixabas contam histórias trágicas de
mortes violentas por acidentes de trânsito.
Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), em média a
cada 12 minutos uma pessoa morre no trânsito brasileiro. São cinco
mortes a cada hora. Isso explica como a segurança no trânsito se tornou
urgente. Além da iniciativa pública, ela depende também da
conscientização do motorista.
Crime A situação do trânsito brasileiro é preocupante. Segundo pesquisa da ONSV,
realizada em 2017, o trânsito brasileiro mata quase tanto quanto
crimes violentos. Durante o período estudado (de 2011 a 2015), o número
de mortes causadas por armas de fogo, objetos cortantes e agressões em
geral foi cerca de 260 mil pessoas. Enquanto isso, o número de mortes no
trânsito foi de 201 mil.
Em relação ao mundo, a situação do trânsito brasileiro tem sido
igualmente alarmante. De acordo com a OMS, em 2017 o Brasil ocupou o
quinto lugar entre os países recordistas de morte no trânsito. O país
ficou atrás somente da China, da Índia, dos Estados Unidos e da Rússia.
Dentre esses países, o Brasil possui a menor frota e população.
Estatísticas Divulgados em 2016, os números da Polícia Rodoviária Federal (PRF)
permitem conhecer o perigo do trânsito brasileiro. A maior parte dos
acidentes fatais ocorreu em colisões frontais (29%), seguidas de
atropelamento de pedestres (18,2%). Grande parte desses acidentes
ocorreu em pista reta (70%). Mais da metade foi registrado à noite
(53,8%). Jovens entre 20 e 24 anos é a faixa etária onde a morte no
trânsito é mais frequente (14,2%). Homens compõe a maioria das vítimas
fatais (79,3%).
Ainda segundo a Polícia, a principal causa de mortes no trânsito
brasileiro foi a falta de atenção (30,8% das mortes registradas),
seguida de velocidade incompatível (21,9%), álcool (15,6%),
desobediência à sinalização (10%), ultrapassagens indevidas (9,3%) e
sono (6,7%). Além desses fatores, pode ser acrescentado mais um, de
interesse especial: o ressentimento psicológico que o trânsito
brasileiro pode causar ao motorista.
HierarquiaExiste uma hierarquia no trânsito brasileiro, especialmente no trânsito
capixaba. A conclusão é do antropólogo Roberto DaMatta em sua obra "Fé
em Deus e pé na tábua".
A pesquisa de DaMatta foi feita justamente no
Espírito Santo, estado cuja agressividade no trânsito tem sido destaque
nacional: segundo a OSVN, o Espírito Santo tem sido um dos estados com
maior número de mortes no trânsito.
De acordo com DaMatta, o trânsito capixaba vai muito além de ser um
instrumento prático para ir e para voltar. Existe nele uma hierarquia
subentendida. Motocicletas valem menos do que carros. Carros valem mais
do que caminhões. E pedestres valem menos do que todos. Tudo isso torna o
trânsito uma zona de risco para ressentimentos, arrogância e
irresponsabilidade.
Atenção
Maio é um mês internacionalmente estratégico para a busca de um trânsito
mais seguro. Ele foi escolhido por diversas organizações
internacionais para promover o Maio Amarelo, esforço para lembrar a
importância de se buscar um trânsito seguro. Inspirada no Outubro Rosa e
no Novembro Azul, a campanha usa como símbolo uma fita amarela, cor que
no trânsito significa "atenção".
O mês foi escolhido com base nas importantes ações realizadas nele. Foi
em maio de 2011 que a Organização das Nações Unidas lançou a Década de
Ações Para a Segurança no Trânsito (2011-2020), cujo objetivo é reduzir
em 50% os acidentes de trânsito no mundo. Além disso, desde 2013,
ocorre a Semana Mundial de Segurança do Pedestre. A Semana ocorre em
memória de Zenani Mandela, neta de Nelson Mandela, morta aos 13 anos em
2010 por um acidente de trânsito.