A Leptospirose é uma doença infecciosa bacteriana, extremamente grave, causada pela bactéria
. Considerada uma zoonose infectocontagiosa, isto é, uma doença proveniente de animais contaminados.
Transmitida principalmente pela urina dos ratos (bois, porcos, cavalos, cabras, ovelhas e cães também podem adoecer e, eventualmente, transmitir a leptospirose ao homem), esta doença se propaga especialmente em ocasiões de enchentes quando pessoas entram em contato com a água contaminada.
A bactéria penetra pelas mucosas ou por ferimentos na pele de seu hospedeiro e espalha-se pela via linfática ou sanguínea. Afetando principalmente os rins, fígado, cérebro e pulmões.
No Espírito Santo, este ano, foram registrados 10 casos da doença. No ano passado (2017) foram 61 casos, dos quais 3 foram à óbito.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) alerta para que a população não entre em contado com as águas das enchentes, e que fique atenta e procure atendimento médico se sentirem os seguintes sintomas: dor muscular, principalmente nas panturrilhas; dor de cabeça; amarelão nos olhos e um quadro de conjuntivite sem secreção surgirem no período de 7 a 14 dias após o contato com água de chuva.
De acordo com o médico Adenilton Pedro Cruzeiro, referência técnica do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Sesa, na grande maioria das situações a leptospirose tem cura e as pessoas se recuperam em poucas semanas, mas em torno de 10% dos casos a doença pode evoluir para quadros graves, deixar sequelas ou levar à morte.
Sintomas
Normalmente a leptospirose deixa a pessoa acamada, indisposta, incapaz de exercer suas funções normais, como trabalhar e estudar.
Febre, dor de cabeça e dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas (batatas da perna). Podem também ocorrer vômitos, diarreia e tosse. Nas formas graves, geralmente aparece icterícia (pele e olhos amarelados), sangramento e alterações urinárias.
Prevenção
É importante evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés);
A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as leptospiras e deve ser utilizada para desinfetar reservatórios de água: um litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do reservatório. Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir um copo de água sanitária em um balde de 20 litros de água, deixando agir por 10 minutos;
Controle de roedores - acondicionamento e destino adequado do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes, etc. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por técnicos devidamente capacitados.
Tratamento
Os casos leves são tratados em ambulatório, mas os casos graves precisam ser internados. A automedicação não é indicada, pois pode agravar a doença. Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um médico e relatar o contato com exposição de risco.
Já nos casos mais graves a doença exige internação, pois provoca uma inflamação generalizada dos vasos sanguíneos chamada de vasculite, atingindo diferentes órgãos ao mesmo tempo, entre eles o fígado, o sistema nervoso central, o rim e o pulmão, e podendo causar hemorragia pulmonar e insuficiência renal, sendo necessário fazer hemodiálise.
Cuidados
Segundo Cruzeiro, muitas vezes não há como evitar o contato com a água de enchente, mas recomenda quando isso ocorrer, se for possível, antes de entrar na água a pessoa coloque botas nos pés ou use alguma outra forma de se proteger. Isso porque, em enchentes, a água entra nos bueiros, onde inevitavelmente tem urina de rato, e essa água volta para a rua contaminada.
Em caso de contato com a água da enchente, a orientação é lavar a pele com água e sabão e se observar durante as duas semanas seguintes. Caso haja evolução de algum sintoma, procurar um médico.