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De Aracruz para o mundo - Lane Matos

Lane Matos De Aracruz para o mundo


Com destaque em rankings de futevôlei estaduais, nacionais e internacionais, Lane Matos compartilha as alegrias, os desafios e as conquistas de sua carreira.

Denislane Matos Candeias, a Lane Matos, começou a jogar futevôlei há sete anos. Desde então, não parou de colecionar títulos: 1º lugar no Ranking Estadual, 3º lugar no Nacional e 3º lugar no Mundial. Federada à Confederação Brasileira de Futevôlei (CBFv) e à Federação Internacional (FIFv). Aos 32 anos, é formada em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atua como professora de educação física e atleta profissional de futevôlei. Em entrevista, Lane contou ao Capixabão sobre os desafios e superações de sua carreira. "Os desafios dão vontade de ir além", afirma. 

Capixabão: Conte um pouco da sua vida, sua formação acadêmica e de sua trajetória.

Lane Matos: Sou de Aracruz e sempre estive envolvida com diversos esportes. Fui atleta de beach soccer e de futebol desde os 13 anos de idade. Representei o estado em diversas competições nacionais. Hoje, tenho 32 anos, sou formada em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo e atuo como professora de educação física e atleta profissional de futevôlei. 

Comecei a jogar futevôlei há uns 7 anos atrás. Desde então, não parei mais. 

Capixabão: Você era atleta de beach soccer. Como decidiu mudar para o futevôlei?

Lane Matos: Sempre pratiquei muitos esportes, como handball, futsal, beach soccer e por fim, cheguei ao futevôlei. Foi durante um desses treinamentos que meu treinador, o Juninho, percebeu como eu jogava "altinha". Ele notou como eu  tinha habilidade no domínio da bola. Decidiu me incentivar a praticar o futevôlei. Depois disso  eu fiquei completamente apaixonada. O esporte me fisgou de vez. 

Como eu já estava habituada com a areia, a transição de modalidade foi mais fácil. Logo meus resultados começaram a surgir.  Mas tive de enfrentar algumas situações complicadas. A falta de mulheres no futevôlei fez com que eu disputasse e treinasse só com homens. 

Nessa época não existia um campeonato feminino. Eu e o Juninho, o meu técnico na época, chegamos a disputar a categoria máster masculina (acima de 50 anos). Mesmo disputando contra homens, conquistamos o terceiro lugar  em um campeonato. O tempo passou, e algumas meninas começaram a praticar o esporte no estado. A partir daí, começamos a organização da categoria para as mulheres.

Capixabão: Quando as pessoas veem um esportista brilhar no topo de um pódio, não conseguem imaginar o esforço que foi realizado para se estar ali. Conte um pouco sobre sua rotina de treinos e suas dificuldades.

Lane Matos: Minha rotina é bem complicada. Tenho de dar aula e conciliar esse trabalho com meus treinamentos. É bem puxado, não dá para viver do esporte. A gente faz porque gosta, recebe ajuda do governo e do município. Mas não dá para largar o trabalho e viver só com esses rendimentos. 

Infelizmente é assim. A verdade é que gente gosta e quer participar dos campeonatos, quer estar no meio disso o tempo todo, quer ganhar as competições, defendendo o município, o estado e o país. Seria muito bom ter um patrocínio forte que ajudasse nessa rotina. Mas, no momento, posso contar com um grupo de amigos, que se junta e custeia algumas despesas de viagens. Foi o que aconteceu no mundial da Áustria, onde eu tive que vender rifas para poder arrecadar dinheiro. Enfim, são muitas dificuldades. 

De qualquer forma, todo esse esforço acaba tornando o gostinho da vitória mais especial. No final, tudo acaba dando certo, tornando a vitória mais saborosa. 

Capixabão: Como é para um atleta representar seu estado e país em competições internacionais? Existe muita pressão? O treinamento inclui trabalho de controle sobre esse tipo de pressão?

Lane Matos: Para todo atleta é muito emocionante representar seu estado ou país. É sempre bom receber o incentivo da torcida, dos amigos e da família. Isso contribui ainda mais à nossa vontade de vencer, de ir lá fora e trazer um título. 

A pressão existe, mas temos que trabalhar isso. Já temos pressão suficiente por não vivermos do esporte e termos que conciliar com nosso trabalho. Essa é a maior dificuldade. As pessoas olham um campeão e pensam que vivemos disso. Não é bem assim. Temos que ralar muito para viajar e competir. E isso acaba gerando pressão. Apesar de estar na categoria profissional, não somos profissionais de fato, porque não vivemos somente do esporte. 

Acho que essa é a maior pressão. E, mesmo assim, a gente consegue resultados. Isso acaba deixando a gente muito mais motivado. É claro que eu e minha parceira fazemos um trabalho psicológico, conversamos muito. Chegamos à conclusão de que temos que ir às competições. Não temos que provar nada para ninguém e sim, para nós mesmas. Nós é quem sabemos das nossas dificuldades e da nossa força de vontade para estar nas competições. 

Capixabão: Atletas estrangeiros recebem incentivos e vários tipos de apoio para se dedicarem somente ao esporte. Você acha que esses atletas estão mais bem preparados? Ou com talento e dedicação o esportista brasileiro pode superar as dificuldades e mostrar seu valor?

Lane Matos: É comum atletas estrangeiros receberem mais incentivos do que os nossos. Mas, como eu disse: aquela força de vontade que você tem, a vontade de se superar, romper as barreiras diárias, acaba se tornando o nosso diferencial. Posso tirar por mim. Não tenho dedicação exclusiva ao esporte, não vivo do esporte. 

Mas vamos superando, passando por cima, driblando as dificuldades e conseguindo atingir nossos objetivos. A falta de incentivo financeiro não nos abala. Conseguimos superar as dificuldades, e os resultados estão aí. Da última vez, fomos à Áustria e trouxemos o título para o Brasil. 

Capixabão: Você é uma das atletas contempladas com o Bolsa Atleta do município de Aracruz. Fale como esse incentivo ajuda você no seu dia a dia.

Lane Matos: Eu me sinto muito orgulhosa de saber que Aracruz está entre os poucos municípios do estado que contemplam atletas com esse tipo de incentivo. Ter concorrido e no final ter sido contemplada com o Bolsa Atleta foi um orgulho ainda maior. É uma ajuda muito boa e bem vinda, ainda mais pra nós, que não temos patrocinador que banque todas as competições e passagens. 

Acredito que nenhum dos contemplados pelo programa viva somente do esporte. Por isso,  a Bolsa é uma ajuda muito grande. Esse incentivo potencializou muito os meus treinamentos, com ele eu posso pagar o meu deslocamento, inscrições, comprar materiais de treino. Receber essa ajuda é parte das minhas principais conquistas. 

Capixabão: Para você, esse tipo de incentivo dado pela Prefeitura pode ajudar a difundir a prática esportiva e a alcançar mais crianças que possam vir a ser futuros atletas?

Lane Matos: Esse apoio do Bolsa Atleta deixa sementes para nossas crianças e jovens. Da última vez que foram apresentados os bolsistas, na Câmara Municipal, estavam presentes todos os alunos que participaram dos jogos escolares e que em seguida receberiam suas premiações. 

Considerei muito importante a presenças dos bolsistas ali, com a Prefeitura acreditando e apoiando o esporte do município. Traz um incentivo muito grande para aquele garoto ou garota que quer no futuro competir. Eles podem ver ali um exemplo, eles podem saber que não estão sozinhos. 

Eles podem ver que, se quiserem, poderão um dia receber o mesmo tipo de apoio da Prefeitura. Como sou professora e dei muitas aulas em escolas e em projetos no município de Aracruz, até hoje eu recebo o carinho das crianças, que mandam mensagens, dizendo que estão treinando e que sentem orgulho por eu ter dado aula a eles. Enfim, com certeza o incentivo da Prefeitura está sendo valioso para difundir a prática esportiva. 

Capixabão: Deixe uma mensagem para o povo de Aracruz.

Lane Matos: Ao povo aracruzense eu só quero agradecer pelo pensamento positivo, pelo incentivo, pela torcida que recebo em todas as competições que eu participo. Quero que saibam que eu tenho orgulho da nossa terra e que sempre darei o meu melhor, para continuar trazendo os bons resultados para a minha cidade.




Lane Matos.


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