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Cafeicultores de Aracruz e região contra importação de café - Café Conilon

Café Conilon Cafeicultores de Aracruz e região contra importação de café

Decisão do Governo Federal de facilitar importação de café gerou protestos por parte de produtores e mobilização de políticos para proteger a produção capixaba.

Cafeicultores do Espírito Santo realizaram um protesto no dia 22 de fevereiro, bloqueando a BR-101 em três municípios por cerca de seis horas. Foram usados no protesto aproximadamente 10 tratores e outros veículos rurais. Os produtores reclamavam contra a decisão governamental de permitir a entrada no país de café conilon do Vietnã.

O protesto foi baseado na decisão do Ministério da Agricultura, que divulgou a Instrução Normativa número 7 defendendo os requisitos fitossanitários para a importação de café conilon produzido no Vietnã, país que exporta grande quantidade do produto. O documento foi encaminhado à Câmara de Comércio Exterior (Camex) para flexibilizar a importação de café no Brasil. 


A importação de café do Vietnã poderia causar prejuízos à produção capixaba, que sofreu alterações em 2016 devido às condições climáticas. Diante disso, o Governo Federal calculava um possível redução de café no mercado nacional, justificando com isso as medidas para a entrada do conilon estrangeiro. Associações e produtores comentam que a conclusão do Governo é equivocada, pois a produção com certeza será capaz de fornecer café suficiente para o abastecimento nacional (veja quadro).

Mobilização

No dia 21 de fevereiro, a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) e membros das bancadas do Espírito Santo, Bahia e Rondônia reuniram-se com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, para solicitar a suspensão imediata da Instrução Normativa.

A senadora afirmou ser necessário encontrar uma linguagem apropriada entre bancadas e Governo para o momento. "As coisas não se resolvem por força do Diário Oficial da União", disse. 

Em seguida, os parlamentares se reuniram com o ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira, que compreendeu a sustentabilidade do tema. "Quando esse assunto chegou até nós, havia consenso entre produtores e indústria, e vejo que não é verdade. Dada a gravidade do problema, vou conversar com o presidente Michel Temer para buscarmos solução", destacou.

Os parlamentares também argumentam que a produção de café no país é suficiente para abastecer 100% do mercado nacional e que a importação vai enfraquecer o setor. Eles entendem que a medida é desnecessária e vai na contramão dos projetos do Governo, que visam o crescimento econômico do país.

Redução

O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex) aprovou por unanimidade a redução de 10% para 2% do imposto de importação para o café robusta. A medida se aplica à cota de até 1 milhão de sacas de 60 kg (ou 250 mil sacas mensais), entre fevereiro e maio de 2017.

A redução do imposto para importação do café foi solicitada pelo Ministério da Agricultura à Camex, deu-se após a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) verificar que os estoques reduzidos de café Conilon no Espírito Santo, Rondônia e Sul da Bahia, entre 1,5 milhão a 1,7 milhão de sacas, seriam insuficientes para atender à necessidade da indústria de café solúvel.

Nas reuniões mantidas com os ministros, os parlamentares discordam dos números apresentados pela Conab e sugerem auditoria nos dados.

Cooperativa critica a importação
Em entrevista ao Capixabão Aracruz, Carlos Eduardo Tessarolo (foto), presidente da Cooperativa Agrária dos Produtores da Região de Aracruz (CAFEICRUZ), afirma que as informações sobre a produção de café em Aracruz são equivocadas. 

"Segundo a CONAB, existem quase 2 milhões de sacas de café no mercado, mas associações e cooperativas dos produtores de café acham que esse número é maior, em torno de 4 milhões de sacas. O governo está achando que a quantidade de café produzida na última safra não daria para atender o mercado até a próxima safra. Nossa cooperativa já chegou a armazenar até 50 mil sacas de café. Ano passado, com a crise hídrica, tivemos apenas 8 mil sacas, mas este ano pretendemos chegar a 20 mil sacas", afirmou Eduardo.

Carlos Eduardo declarou ainda que a intervenção da bancada capixaba para defender os cafeicultores neste momento será fundamental para impossibilitar a importação de café e frisou a importância da cafeicultura para a economia do estado. Ele concluiu dizendo que somente com a união dos cafeicultores será possível conseguir mais benefícios para os produtores.


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