Prefeito de Conceição da Barra se entregou após a Justiça expedir mandado de prisão

Quase dois meses depois de conseguir um habeas corpus e deixar a prisão, o prefeito de Conceição da Barra, Jorge Donati (PSDB), voltou a ser preso ontem. O desembargador do Tribunal de Justiça do Estado (TJES) Sérgio Bizzotto acatou o pedido do Ministério Público Estadual (MPES) e decretou a prisão preventiva do prefeito, que é acusado de mandar matar uma testemunha do assassinato do sindicalista Edson José dos Santos Barcellos.

O MPES acusa Donati de mandar matar o ex-presidiário Mateus Ribeiro dos Santos, o Mateusão. O crime foi no último dia 5, em Linhares. Mateusão era testemunha da morte do sindicalista, ocorrida em 2010, em Conceição da Barra.
Vice-prefeita prefere o silêncio
A vice-prefeita de Conceição da Barra, Adélia Marchiori (PPS), e os vereadores preferiram não comentar sobre o novo pedido de prisão contra Donati. A vice, procurada ontem à noite, também não quis falar das novas acusações que pairam sobre Donati. Presidente da Câmara, Angelo Cesar Figueiredo (PSD) não foi localizado.

Em sua decisão, Bizzotto, que é o relator do processo, lembra que o prefeito chegou a ficar 15 dias preso em fevereiro deste ano após o MPES denunciar Donati por ameaçar outras testemunhas desse caso.

"Contudo, no caso em apreço, não se trata de ameaça a testemunha – o que já justificaria um decreto prisional, mas algo de uma gravidade maior: a execução dela por alguém ou a mando de alguém, que se revela nos autos como sendo, provavelmente, o denunciado", diz um trecho da decisão.

Bizzotto acrescentou ainda que "Donati, enquanto no exercício do cargo de agente público, no Poder Executivo municipal detêm poder político democrático, o que certamente contribui para um aumento da influência que pode exercer na colheita de provas neste processo".

Antes de se apresentar no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, em Vitória, por volta das 21h30, Donati conversou com a reportagem na tarde de ontem.

"Essa prisão não tem fundamento. Tenho hoje inimigos fortes que querem me tirar do circuito".

Ele voltou a dizer que o inquérito do processo é uma "farsa". "É uma trama política sórdida para impedir nosso projeto dentro de Conceição da Barra". Donati está em uma cela especial, sozinho.

Defesa
Um dos advogados de Donati, Danilo de Araújo Carneiro, classificou a prisão de "absurda". "O desembargador foi conduzido ao erro pelas provas juntadas ao processo".

A defesa disse que vai anexar ao processo o depoimento da mãe do acusado de atirar em Mateusão, que está foragido. "Ela disse à polícia que o filho atirou para vingar a morte do pai e outro parente. Era briga antiga. Isso já tinha que estar no processo". Carneiro espera que a análise do pedido para liberar Donati ocorra até terça-feira.

Donati foi posto em liberdade no dia 16 de fevereiro, graças a um habeas corpus expedido pelo Superior Tribunal de Justiça, que argumentou não haver provas de que o prefeito estava ameaçando testemunhas. Ele havia sido preso no dia 31 de janeiro.


Entenda o caso:

Assassinato
O ex-presidiário Mateus Ribeiro dos Santos, o Mateusão, foi morto com 12 tiros no dia 5 deste mês, em uma mercearia de Linhares. O circuito de videomonitoramento do local flagrou o crime e a polícia divulgou as imagens.

Sindicalista
Mateusão era testemunha da morte do sindicalista Edson José dos Santos Barcellos, morto no dia 6 de julho de 2010, em Conceição da Barra. O corpo foi encontrado com um tiro na testa em uma plantação de eucalipto. O MPES acusa o prefeito Jorge Donati de ser o mandante dos crimes. Donati nega envolvimento com os assassinatos.

Ilha do Frade
Além disso, Donati é acusado de outro crime, em 2003, no qual morreram carbonizadas a mulher dele, Cláudia Soneghete, e a arrumadeira Mauricéia Donato. O crime ocorreu na Ilha do Frade, Vitória. Donati também alega ser inocente nesse caso.

Com informações do G1-ES

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