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A vida na 10ª cidade mais rica do país - (Iconha, ES)

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Anchieta. A vida na 10ª cidade mais rica do país - Anchieta

Anchieta Anchieta. A vida na 10ª cidade mais rica do país

Atividade industrial joga para cima números da economia da região, mas busca de empregos aumenta população e preocupa autoridades

Em dezembro último, o pacato município de Anchieta, no Sul do Estado, foi apontado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como a 10ª cidade mais rica do Brasil. Com um Produto Interno Bruto (PIB) de mais de R$ 108 mil, o lugar ocupa o posto mais alto do pódio das maiores receitas quando se levam consideração apenas os municípios do Espírito Santo.

Oficialmente, são 23 mil habitantes (a prefeitura diz que o número supera os 28 mil) e uma receita vinda quase que totalmente de uma única empresa: a Samarco Mineração S.A. É fácil fechar a conta. Muito dinheiro circulando e pouca gente na cidade é igual a PIB alto.

Mas o que isso significa no dia a dia da população? Uma vida melhor, diz o comerciante carioca Eugênio Tavares, 46 anos, que saiu de Campos em busca de oportunidades melhores em Anchieta. “Fiquei sabendo que aqui o comércio era melhor que lá. Dai trouxe minha padaria para cá. Não tenho reclamações”, diz o proprietário de uma padaria no centro da cidade.

Por motivos parecidos, o mecânico Cleidson Gomes, 24 anos, também se mudou com a família de Cariacica, na região metropolitana, para Anchieta. Ele é um dos habitantes da cidade que se beneficia diretamente da atividade industrial da região. “Viemos para cá em busca de segurança. Mas as oportunidades de emprego pesaram também. A condição de vida é boa. Existem muitas oportunidades de trabalho”, comemora.

O grande problema é que bons indicadores econômicos e o aumento da oferta de empregos não significam melhorias significativas na oferta de serviços e qualidade de vida para a população. Muitas vezes, o PIB de um município não se confirma na renda média da população, explica o professor Roberto Garcia Simões, titular do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e especialista em políticas públicas e desenvolvimento do Estado.

Para ele, a atividade turística (a cidade tem aproximadamente 30 quilômetros de litoral e 16 praias) e também o trabalho agrícola contribuem para a geração de emprego e renda. “É um município que tem uma diversidade muito grande, com litoral, população flutuante e atividade rural. Existem possibilidades de trabalho sendo geradas, mas nem todos serão absorvidos”, alerta.

Riqueza vai para fora, diz prefeito

Outra preocupação é levantada pelo prefeito da cidade, Edival Petri (PSDB). Segundo ele, grande parte do que é gerado pela Samarco, que tem 34 anos de funcionamento e é a quinta maior exportadora do Brasil, não fica em Anchieta e sim é vendido para outras partes do país e até mesmo para o exterior.

Petri acredita que não o PIB, mas um outro número, é motivo de comemoração: Anchieta é o segundo melhor município para se viver no Espírito Santo, atrás apenas da Capital, e o 49º no país (o primeiro é Barueri, no interior de São Paulo), de acordo com o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que acompanha três áreas de desenvolvimento: Renda, Educação e Saúde.

“Hoje temos uma boa qualidade de vida, com bons serviços oferecidos para a população. O desafio é continuar mantendo esse padrão com o inevitável aumento da população”, analisa o prefeito.

Planejamento para novos moradores é saída

Edival Petri diz que é preciso preparar a cidade para o grande número de pessoas que se muda para lá diariamente em busca de vida nova. Diz também que é preciso diversificar as oportunidades de emprego.

Além do grande número de trabalhadores envolvidos com a atividade industrial, a prefeitura é uma grande empregadora. Cerca de 2,6 mil pessoas, ou seja, 10% da população, está na folha de pagamento da administração municipal, de acordo com a assessoria de comunicação do órgão.

Sobre esse assunto, Petri acredita que constantemente profissionais deixam a administração para trabalhar na iniciativa privada. “A quantidade de serviços que a prefeitura oferece acaba tendo que contratar mais pessoas para desempenhar essas funções. A necessidade surge dai. Contudo o mercado está aberto, e os próprios servidores buscam oportunidades melhores”, justifica. Além disso, o prefeito informa que já iniciou as contratações dos aprovados em concurso para a área da saúde em 2011.

Samarco alega que gera emprego e renda

Por meio de nota, a Samarco Mineração S.A destaca que leva desenvolvimento econômico e social para a região sul do Estado por meio da oferta de empregos diretos e indiretos, geração de impostos, contratação de fornecedores locais, além dos inúmeros projetos socioambientais desenvolvidos nos municípios vizinhos.

Atualmente, a Samarco realiza as obras do Projeto Quarta Pelotização (P4P). A expansão demandará investimentos da ordem de R$ 5,4 bilhões para a construção de um terceiro concentrador na unidade industrial de Germano, em Minas; para a construção de uma quarta usina de pelotização na unidade de Ubu; para a instalação de um terceiro mineroduto; e para a readequação do sistema de estocagem e embarque. As obras estarão em andamento até 2014.

Durante o pico das obras do projeto, segundo a empresa, deverão ser criados cerca de 13 mil postos de trabalho, sendo cerca 4,8 mil na unidade de Ubu. Após a conclusão do P4P, a Samarco prevê a contratação de cerca de 500 empregados em Ubu.

Sobre os impactos ambientais que causa na região, a nota diz que implantou no último ano um projeto que troca o óleo combustível pelo gás natural no processo de queima nos fornos de pelotização das três usinas, localizadas em Anchieta. Com a mudança, a companhia já deixa de emitir o equivalente a 160 mil toneladas de gás carbônico equivalente por ano, o que ainda poderá gerar créditos de carbono.

A Samarco alega ainda que se reúne constantemente com a população local, e que incentiva projetos sociais elaborados pela comunidade.

Royalties

Anchieta é também um grande produtor de petróleo. Somente em 2011, o município arrecadou com o repasse dos royalties e da participação especial (recebida por áreas que possuem grandes poços de petróleo), mais de R$ 48 milhões. Os dados são do site inforoyalties, produzido pela Universidade Candido Mendes, do Rio de Janeiro. Só para efeito de comparação, entre 2010 e 2011 a verba recebida pela cidade mais que dobrou, passando de pouco mais de R$ 21 milhões para o valor atual.

O dinheiro que as cidades e os estados ganham com os royalties é muito importante para o desenvolvimento das regiões. Por lei, essa verba não pode ser empregada em gastos com pessoal e com despesas correntes da administração pública (pagamento de contas da prefeitura e de locais utilizados pela mesma para cuidar da cidade), ele só pode ser utilizado em investimentos em obras e melhorias na estrutura do lugar.

Perspectivas

No segundo semestre deste ano, começam as obras da CSU, Companhia Siderúrgica Ubu (CSU). O projeto é da Vale e deve injetar R$ 10 bilhões na planta industrial que vai produzir cinco milhões de toneladas de aço por ano. O funcionamento da empresa vai colocar R$ 8 bilhões por ano na economia do Espírito Santo, valor que representa 10% da atual receita do Estado, segundo estudo realizado pela Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest), ligada à Universidade Federal do Espírito Santo.

Serão gerados dois mil empregos na obra, e mais 18 mil oportunidades de trabalho diretas e indiretas na operação. O projeto gerou muita polêmica, na sua criação, devido ao impacto ambiental que vai causar na região. O processo de discussão do licenciamento ambiental da siderúrgica envolveu o poder público e vários segmentos da sociedade civil dos municípios próximos a Anchieta. No final, resultou na criação do Consórcio Público de Desenvolvimento Sustentável da Região Sul (Condesul), que conta com as cidades de Alfredo Chaves, Guarapari, Iconha e Piúma. (Com informações do jornal A Gazeta).

O que diz a população

De uma forma geral, a população confirma os dados que indicam Anchieta como uma boa cidade para se viver.

O comerciante Benedito da Silva, o Bené, 60 anos de idade e 40 deles vividos em Anchieta, diz que a vida na cidade é boa, mas teme as mudanças que vêm acontecendo na região. Para ele, com o aumento da população, a situação econômica vai mudar e a cidade vai encontrar problemas para atender a todos. Contudo ele continua otimista. "Espero que as condições de saúde e estrutura melhorem ainda mais com esses investimentos”, aguarda.

Também comerciante, Luciene Cardoso mora na cidade há 12 anos e comemora a qualidade das escolas, diz que até tênis as crianças recebem do município e que o material escolar também fica por conta. Na sua opinião, a vida melhorou muito nos últimos anos.

Porém, mesmo com os investimentos, alguns serviços estão pendentes. Produtor rural aposentado, Dijalma Correia, 69 anos, reclama da demora na marcação de exames da rede pública de saúde e também da qualidade das estradas que ligam a região rural a cidade. O morador da comunidade Pé de Morro destaca ainda que gostaria de mais opções de lazer onde mora.

Sobre a dificuldade em conseguir médicos de especialidades e de alta complexidade, o prefeito Edival Petri informa que muitos profissionais relutam em ir para o interior pela baixa procura de pacientes e que o município oferece transporte para Vitória e outras cidades onde a população recebe atendimento.

Foto: Divulgação/PMA


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