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Caso Maranata: presidente da Igreja contratou sobrinho - (Vila Velha, ES)

Vila Velha

Caso Maranata: presidente da Igreja contratou empresa de sobrinho - Desvio na Maranata

Desvio na Maranata Caso Maranata: presidente da Igreja contratou empresa de sobrinho

Caso Maranata: presidente da Igreja contratou empresa de sobrinho


Firma de sonorização recebeu R$ 23,7 milhões em seis anos. 


Uma das empresas contratadas pela Igreja Cristã Maranata pertence ao sobrinho do presidente da instituição, Gedelti Gueiros. O dono da Work Sistemas e Equipamentos, responsável pela sonorização dos templos, é Hélvio Freitas Gueiros. Pelos serviços prestados nos últimos seis anos a microempresa recebeu R$ 23,7 milhões, o que dá uma média de quase R$ 4 milhões ao ano.


Por meio de nota, a Maranata informou que "Gedelti Gueiros não tem qualquer tipo de ingerência na gestão administrativa da instituição". A contratação de fornecedores para construção e aparelhamento da igreja, acrescenta a nota, segue o critério de cotação de preços.


Diversos fornecedores prestaram depoimento na investigação feita pela própria igreja. Nela, não há relatos dos proprietários da Work – Hélvio Gueiros e Sandra Pretti Gueiros.


Estimativas iniciais apontam que o rombo pode chegar a R$ 21 milhões. A igreja já ingressou com uma ação na Justiça para solicitar a ressarcimento de R$ 2,1 milhões.


Documentos obtidos por A GAZETA mostram que, entre as empresas cujos proprietários foram ouvidos pela comissão que fez a investigação da igreja, todas têm faturamento bem inferior ao da Work Sistemas e Equipamentos. A maior delas recebeu no mesmo período – entre os anos de 2005 e 2011 – R$ 4 milhões.


Resposta


Os proprietários da Work Sistemas e Equipamentos, Sandra Pretti Gueiros e Hélvio Freitas Gueiros, não retornaram às ligações daimprensa. Sandra Gueiros chegou a atender ao telefone, mas, ao saber que se tratava da imprensa, pediu para que retornasse dez minutos após. A reportagem retornou, mas até o fechamento desta edição não conseguiu mais contato com ela.




"Ele está abalado", diz novo advogado


Um novo advogado assumiu ontem a defesa da Igreja Cristã Maranata. Homero Mafra – que ocupa a presidência da Ordem dos Advogados (OAB) no Estado – vai cuidar dos processos criminais da igreja.


O fato foi comunicado na manhã de ontem, no horário em que o presidente da igreja, Gedelti Gueiros, deveria prestar seu depoimento na Delegacia de Defraudações. Por telefone, Mafra comunicou ao delegado Gilson Gomes que Gedelti não poderia atender à intimação recebida na quarta-feira.


O argumento foi de que Mafra havia sido convidado a assumir o caso no dia anterior e não teve tempo de analisar todas as informações. "Por isso solicitei ao delegado um prazo maior", afirmou o advogado.


De acordo com Mafra, foi uma boa oportunidade para evitar que Gedelti tivesse que comparecer a mais de um depoimento.


"É um senhor de 80 anos e que está muito abalado com a situação", falou. O advogado adiantou também que uma das questões que precisarão ser analisadas diz respeito a um conflito de atribuições na investigação. "O trabalho está sendo feito pelo Ministério Público Estadual e pela polícia. É preciso se definir quem vai ficar com o caso", disse.


O delegado informou que se reúne hoje com Mafra e adiantou que espera que o presidente da Maranata compareça para depor. "Ele terá que ratificar o que estamos apurando."


Na avaliação dele, a igreja não deve ter motivos para manter em segredo dados relativos à apuração. "O grande pecado deles é tentar manter isso no âmbito interno. Já não é possível mais", destacou.


Ausência repercute na internet


O não comparecimento do presidente da Maranata, Gedelti Gueiros, à polícia repercutiu na internet e redes sociais. Os comentários mais frequentes foram nas comunidades virtuais que tratam dos desvios ocorridos na igreja. "Quem não deve não teme e não precisa criar estratégias", relatava um post do Orkut. "Contratou o melhor criminalista do Estado. A situação deve estar complicada", relata outro post no Orkut.



Igreja, fundação e acusados têm o mesmo advogado


A Igreja Cristã Maranata, a sua fundação – Manoel de Passos Barros –, o vice-presidente e o contador que ela afastou têm em comum o mesmo advogado. De acordo com o site do Tribunal de Justiça do Estado, José Luiz Oliveira de Abreu faz a defesa de Antonio Ângelo Pereira dos Santos, de Leonardo Meirelles de Alvarenga, além da igreja e da fundação, em alguns processos.


Antônio Ângelo e Leonardo são apontados pela igreja como os cabeças do esquema de corrupção que desviou recursos do dízimo doados por fiéis. Os dois são citados numa ação judicial movida pela Maranata e que tramita na 8ª Vara Cível de Vitória.


José Luiz também faz a defesa de Leonardo em uma outra ação que tramita na Serra e garante já ter atuado em favor de Antônio Ângelo em outros processos.


Nome


O nome de José Luiz aparece ainda como advogado da Maranata em processos que tramitam em Vitória e em Vila Velha. O nome dele também consta no processo da fundação pertencente à igreja que tramita na Serra.


José Luiz confirma que já advogou para igreja e para fundação, mas renunciou há quatro meses. O motivo foi a necessidade de fazer a defesa de seus dois clientes – Antônio Ângelo e Leonardo –, que foram acusados de desvio pela igreja.


Ele acrescenta que deixou de prestar serviços para a Maranata logo que as informações sobre a fraude dentro da instituição começaram a circular entre os membros. “Fica incompatível fazer os dois serviços”, disse ele, ao se referir à defesa da igreja e dos acusados.


José Luiz garante ainda que não advogou em muitos processos da Maranata. “Somente em alguns, repassados a mim por um outro advogado da igreja”, assinalou.


Já a Maranata, por meio de nota, afirma que José Luiz “foi contratado pela gestão anterior para tratar de questões pontuais”. A nota informa que novos profissionais já estão sendo designados para assumir os processos que estavam com José Luiz.

Arte A Gazeta


Os membros afastados


Antônio Ângelo Pereira dos Santos
- Vice-presidente e pastor afastado da Maranata
- Acusado de liderar o esquema de desvio de dízimo


Leonardo Meirelles de Alvarenga
- Diácono e contador da Maranata, também foi afastado das duas funções
- Possui duas empresas que também são alvo de ações da Maranata



“Fui humilhado e perseguido”
Paulo Macedo Fernandes, 48 anos
Empresário e ex-pastor da Maranata de Santo André, São Paulo



“Após 18 anos na Igreja Cristã Maranata, recebi a herança dos excluídos: fui humilhado, perseguido, desprezado e abandonado. Tudo aconteceu logo após a morte de minha esposa, vítima de um câncer que a fez sofrer durante dois anos. No desespero e solidão – uma vez que nenhum pastor, diácono ou mesmo fiel me visitou durante o período de luto –, acabei conhecendo uma pessoa na internet. Com essa mulher, que hoje é minha esposa, desabafei minhas dores. Colegas pastores tiveram acesso ao meu diálogo na internet, e, mesmo sendo viúvo, fui condenado. O sistema que eles adotam é tão perverso que até os seus amigos ficam constrangidos em manter a amizade. Da noite para o dia, perdi todas as minhas referências. Até mesmo quando sofri um acidente e fiquei meses na cadeira de rodas, fui menosprezado. Há um ano decidi abandonar a Maranata de Santo André, em São Paulo, e renasci. Hoje posso dizer que muitas pessoas continuam sendo enganadas e iludidas por essa igreja, como aconteceu comigo. Atualmente, sou pastor de um pequeno grupo e prego a liberdade religiosa, sem a
necessidade de templos. E sou feliz.”


Imagem: Reprodução

Colunista: Ivan de Freitas


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